Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS

State of war, 1914 August 6

A grave declaração oficial de estado beligerante soa a 6 August 1914 na House Of Commons. The Prime Minister informa os Members of Parliament que "His Majesty's Government have been compelled to put this country in a state of war with what for many years and indeed generations past has been a friendly Power." Mr H. H. Asquith submete a voto a guerra contra os alemães e Westminster aprova £100,000,000 para custear “the war in Europe.” — C'est comme découvrir St Pierre pour couvrir St Paul. Tudo se precipitara nas últimas horas na Austria-Hungary and Servia Crisis. Vienna bombardeia Belgrade. O Kaiser e o Tzar desembainham sabres nos Balkans. As tropas do General H. von Moltke avançam em neutral solo belga, desejando Paris a expensas da lei das gentes. Honour is so much about making the right choices as dealing with the consequences! The Foreign Office enumera os riscos para a paz, mas as atenções dispersam-se ainda pela conferência que o Buckingham Palace dedica à Irish Question. Mr Edward Grey saúda o German Ambassador in London com a military guard of honour no regresso do Prince Lichnowsky a Berlin. George V assina a mobilização do Army Reserve e da Territorial Force. Além Manche vai morrer a geração de Mr Raymond Asquith.

O Premier Earl of Oxford and Asquith perde o primogénito e o poder em 1916, ano também da morte, aos 86 anos, do Kaiser von Österreich ‒ Franz Joseph I. O jovem Raymond sai do Balliol College (Ox) com a aura de ser the most brillant of his generation e esta leva-o quer a Fellow of All Souls, quer ao board que investiga o drama do Titanic. Muitos o acompanham depois como volunteers para morrer em terra alheia, interpelados em recrutamento a dedo de Lord Kirchener no prolifico cartaz Wants you. Pelo King and Country cai na Battle of the Somme, a sanguinolenta ofensiva franco-britânica que abate 1,000,000 filhos-pais-irmãos… nas duas margens do rio. Recebe a soldier's burial: é sepultado no local, junto ao seu primo Tennant e a um humble Simon. “The equality that was responsible for that circumstance” é registada no Hansard quando, em 1920, Westminster gasta mais £991,000 na industrialized war, desta vez para os trabalhos do Imperial War Graves Commission Fund — instituído por Royal Charter de 1917, para erguer 100,000 headstones nos 2,000 a 3,000 cemitérios que acolhem os caídos em France e Flanders.

Os destinos de Raymond e Simon estremecem a Liberal England. A violência dos combates e sucessivas revelações das intrigas imperiais agudizam o cataclismo. Na Home Front cai politicamente Mr Herbert Henry Asquith, substituído no No. 10 por Mr David Lloyd George quando a upper class berlinense lê panfleto explosivo do seu núncio em Britain à data do eclodir das hostilidades: Herr Karl Maximilian, sexto Prince Lichnowsky. Nascido em 1860, dez anos antes do triunfo na Franco-Prussian War e ele mesmo major silésio, entra em 1885 na diplomacia. Serve os interesses do Reich em London, Constantinople, Bucharest e Vienna, até à colocação em 1899 na sede. Retira-se em 1904 e passa o resto da década “on my farm and in my garden, on horseback and in the fields, but I read industriously and published occasional political articles.” Em 1911 reentra na chancelaria como Wirklicher Geheimrat (privy councillor). No ano seguinte é um Wilhelm II afamado pelo despedimento do Prince Otto von Bismarck quem o nomeia Imperial German Ambassador to the Court of St. James's, por reconhecida lealdade ao Kaiser a par da anglofilia e amizade com Sir Edward Grey então no leme do Foreign Office. São estes dois homens que, secundados pelo ministro alemão Herr Gottlieb von Jagow, tentam até ao último instante evitar que a Balkans crisis gerada na esteira do assassinato do Archduke Franz Ferdinand of Austria a 28 July 1914, em Sarajevo, alastre à Western Front como delineado na precisa estratégia global do General Helmut von Moltke. As pátrias estão agora em perigo.

Meine Londoner mission 1912-14 descreve em 1916 a vitória da ala militarista na corte pós-bismarckiana. Duas notas, a abrir e a fechar o fio dos eventos que protagoniza, sintetizam o memorandum do Prince Lichnowsky: (A) "We [Germany] encouraged Count Berchtold to attack Serbia, although German interests were not involved and the danger of a world-war must have been known to us;" e (Z) "In view of the above undeniable facts it is no wonder that the whole of the civilised world outside Germany places the entire responsibility for the world-war upon our shoulders." O grito de consciência do Good German apresenta-se na 1919 Versailles Peace Conference ao lado da dureza dos termos impostos por Berlin à derrotada Russia em 1918 no Treaty of Brest-Litovsk.

The Great War marca o fim dos grandes impérios continentais, com as teses da guilty nation e da not so a agitar almas sensíveis para prosseguir guerra de propaganda. O ferro e sangue tragam as dinastias dos Habsburgs, Romanovs e ainda a otomana House of Osman. Novos princípes se perfilam a galope nacionalista, já desligado dos ancestrais ideals of chivalry. Em meados de July 1914, Sir Harold Nicolson regressa ao UK com Lady Sackville-West de dois anos e meio de serviço diplomático na Persia. A experiência ilustra o ceticismo dos Edwardians na capacidade reformista destes Young Turks. — I can’t understood the pro-Turk attitude‒ I see nothing in this servile and inglorious decay.


St James, 6th August

Very sincerely yours,

V.

OS LIVROS DE VERÃO…

Livraria Lello (interior)
Interior da Livraria Lello


Como habitualmente, o Centro Nacional de Cultura faz as sugestões de leitura de verão, sempre muito solicitadas pelos nossos sócios e amigos.

São 20 obras de todos os géneros (ficção, não ficção, romance, poesia e ensaio).


Muitas outras poderiam ser referidas, mas apenas fazemos alusão a obras já por nós lidas e que valem verdadeiramente a pena…


A ordem, como já sabem, é aleatória e não pressupõe qualquer hierarquia de preferência.


- Vasco Graça Moura, «Retratos de Camões» (Guerra e Paz)

 

- Alberto da Costa e Silva, «Espelho do Príncipe» (Nova Fronteira)

 

- Elias Canetti, «Massa e Poder» (Cavalo de Ferro)

 

- Vassili Grossman, «Bem Hajam!» (D. Quixote)

 

- Philip Roth, «Os Factos – Autobiografia de um Romancista» (D. Quixote)

 

- Herberto Helder, «A Morte sem Mestre» (Porto Editora)

 

- Ana Luísa Amaral, «Escuro» (Assírio e Alvim)

 

- José Terra, «Obra Poética» (Modo de Ler)

 

- José Rentes de Carvalho, «A Flor e a Foice» (Quetzal)

 

- Lídia Jorge, «Os Memoráveis» (D. Quixote)

 

- Mário Cláudio, «Retrato de Rapaz – Um discípulo no estúdio de Leonardo da Vinci (D. Quixote)

 

- Luísa Costa Gomes, «Cláudio e Constantino» (D. Quixote)

 

- Teolinda Gersão, «Passagens» (Sextante)

 

- José Eduardo Agualusa, «A Rainha Ginga» (Quetzal)

 

- António Pinto da França, «A Influência Portuguesa na Indonésia» (ALIAC)

 

- José Manuel Félix Ribeiro, «A Economia de Uma Nação Rebelde» (Guerra e Paz)

 

- Viriato Soromenho Marques, «Portugal na Queda da Europa» (Temas e Debates)

 

- Eduardo Lourenço, «Do Colonialismo como nosso Impensado» (Gradiva)

 

- José-Augusto França, «Memórias do Conselheiro Adalberto Martins de Sousa (1880-1890) – Estudos de factos sócio-culturais» (INCM)

 

- Fernando Guedes, «T.S. Eliot e Ezra Pound – Uma Tentativa de Aproximação às suas vidas e às suas obras» (Verbo).

 


Boas Leituras!