LONDON LETTERS
Flood issues: Cameron decade, Oldham and The Benns, 2015
O Labocalypse não aconteceu. E o sonho dos Ukippers de um White Christmas também não. Mas é uma momentous week in British politics, justamente quando RH David Cameron completa uma década à frente do Conservative Party e as divisões no Labourism estão ao rubro. A alta trepidação em Westminster Square é balizada
pela vitória vermelha na by-election em Oldham West and Royton (Greater Manchester) e pelo dramático voto na House of Commons que aprova a guerra aérea na Syria, mas fica sobretudo marcada pelo call to arms do Shadow Foreign Secretary contra o fascismo jihadista e o pacifismo do líder RH Jeremy Corbyn. — Chérie. Fils de poissons sait même nager. A MET Police classifica um ataque com arma branca na estação de metropolitano Leytonstone, em East London, como "a terrorist incident.” O US President Barack Obama faz a Nation address sobre a ameaça do terror global. A tensão entre Moscow e Ankara aclara os negócios de petróleo do Isis enquanto a NATO reforça as fronteiras turcas. — Well, well! There’s no such thing as a free lunch. Germany adere à coligação que combate no Middle East. France vota Front National em seis das 13 eleições regionais sob o efeito 13/11.
Stormy weekend nas ilhas do North Atlantic. A tempestade Desmond enreda a vida das gentes, com inundações e quebras de energia a par de caos vários. Tormentosa continua também a liderança na HM Loyal Opposition, desta feita até com condimentos de psi-thriller. O novo oponente à tendência esquerdizante amotina-se no próprio Team Corbyn e sai da família das suas intellectual roots.
Chama-se Hilary James Wedgwood Benn e é nenhum outro senão o filho da mais influente referência ideológica de Jeb: o RH Tony Benn, ministro nos governos dos PM Harold Wilson e James Callaghan durante os 1960 e 70s, reconhecido como orador da hard left e rebelde de serviço contra desvios pragmáticos como a Third Way. Ora, após a saga dos irmãos Miliband, much a Benn if not a Bennite, pela direita parlamentar aparece o descendente e MP por Leeds Central em brilhante retórica que encandeia tanto o argumento stop war do Lab Leader como o discurso going to war against Isis do Prime Minister. Não que Sir Cameron haja desgostado da intervenção nos 10 anos ao leme dos Tories, face a potencial sucessor dos honoráveis e já idos rivais Tony Blair, Gordon Brown, Harriet Harman, Ed Miliband, novamente Harriet Harman e agora Jeremy Corbyn.
O dirigente trabalhista retempera as emoções com o triunfo eleitoral nas Lancashire heartlands. Confesso a minha surpresa não com a chuva copiosa e fria dos céus, sim com o wishful thinking em torno da by-election em Oldham West and Royton. Tanto o realismo mágico dos Blairites, quanto a hostilidade crescente da Press fazem do voto local um referendo à liderança nacional de RH Jeremy Corbyn. Pois bem, os trabalhistas ganham folgadamente. Mas vamos por partes, a fim de apreender o que corre no aquário político. Presumindo que os Tories cerrariam alas à direita, o Komentariat dá como quase certa num red safe seat a vitória do candidato alienígena Ukip e a derrota do aspirante nativo Lab. Vejamos os perfis de cada qual: com a roseta vermelha temos Mr Jim McMahon, filho de um camionista da terra, edil no Oldham Borough Council, cujo trabalho comunitário é reconhecido com real OBE nas 2015 Honours; e com a roseta lilás surge Mr John Bickley, político veterano, oriundo do (posh) Cheshire e que falhou anterior bilhete parlamentar nos sufrágios de Wythenshawe & Sale e Heywood & Middleton. No duelo preveem o Labocalypse. Conclusão: o Labour ganha com 62% e o PLP tem novo MP moderado – apoiante nas primárias partidárias da centrista RH Liz Kendall. Surfando a onda criada pelos rivais internos, porém, já sem o Mao's Little Red Book, RH John McDonnell explica no The Guardian que a missão da British Left “explicitly seeks to transform the party from the traditional centralised party into something more akin to a mass social movement.” Será que não teríamos todos percebido a matriz revolucionária?!
Em fecho, dois outros totemic issues destes dias. O casal Mark Zuckerberg e Priscilla Chan assinala o nascimento da filha Max com promessa de doar 99% da sua fortuna para filantropia, cerca de £30b, que é quanto vale a riqueza do fundador do Facebook agora empenhado na construção de um melhor futuro. O ex European commissioner Lord Peter Sutherland examina os novos desafios da contemporaneidade e é claríssimo no como gerir a crise dos refugiados: "Countries can share Syrian refugees or choose from three options: leave them on the beaches, lock them in camps or send them back to the hell they’ve escaped." — Hmm! Don't talk the talk if you can't walk the walk.
St James, 7th December
Very sincerely yours,
V.