LONDON LETTERS
By me William Shakespeare: A life in writing, 1616-2016
Ultimam-se os preparativos para as comemorações do Shakespeare400. Depois de assinalar a passagem dos 800 anos da Magna Carta e da celebração do Império do Direito à volta do globo,
Portugal incluído, 2016 será todo um ano dedicado a Master William Shakespeare e à farta panóplia das artes que há séculos inspira. As comemorações envolvem high-profile offerings no reino e arredores, com o eixo cultural oscilando entre London e a região natal de Stratford-upon-Avon. — Chérie. La belle plume fait le bel oiseau. North England reinventa-se como aqualândia. A chuva diluviana desnuda a fragilidade das coisas humanas face à natureza, no mais quente ano da metereologia. O desastre nortenho custará aos contribuintes algo como £1.5bn. — Well! Like The Bard says, give me some music; music moody food Of us that trade in love. HM Government ameaça quebrar-se em torno da ministerial liberdade de voto no Brexit Affair. Mrs Glenn Close estreia em West End com Sunset Boulevard, no coliseu local e nada senão a English National Opera. Duas semanas bastam a Star Wars: The Force Awakens para se tornar “the fastest film to take $1bn (£674m) at the global box office.” Em peculiar gravação áudio, o líder do Isis induz a um recrutamento geral para combate contra… o mundo inteiro.
Unseasonable holidays weather: no snow signs; even dry, bright and breezy days at London but river flooding and strong winds in the North England. E pronto, foi a festa!
Votos de saúde até à próxima Noite, oferendas abertas e mesmo proezas no Christmas dinner e no Boxing Day. Também a deliciosa confirmação dos méritos da BBC em Dickensian, entre a trama apurada do guião, a qualidade da fotografia e os firmes desempenhos de Mr Stephen Rea e Ned Dennehy nos papéis âncora do Inspector Bucket e Ebenezer Scrooge a par de Mrs Pauline Collins e Caroline Quentin no doce duo Mrs. Gamp & Mrs. Bumble. Para já o leit-motiv é clássico: Whodunit? Quem matou, ou não, Jacob Marley, em investigação não longínqua dos CSI’s e a rodar pelas folhas dos romances de Mr Charles Dickens. Mas a agenda está já tomada pelo Shakespeare’s legacy no quadricentenário do seu passamento em Warwickshire a 23 April 1616. A ementa do Bard of Avon é suculenta. Das iniciativas sabidas, atenção especial para Iluminating Shakespeare propulsionada pela Oxford University e Shakespeare400 como consórcio do King’s College com “leading cultural, creative and educational organisations.” Mais assoma ao caminho. A Royal Shakespeare Co viaja com A Midsummer Night's Dream: A Play for the Nation e Mr Kenneth Branagh encena Romeo and Juliet no Garrick. Do Barbican ao Royal Festival Hall há concertos pela Lon Symphony ou BBC Symphony Orchestra and Chorus com partituras de Dvořák’s Othello, Nicolai’s The Merry Wives of Windsor ou Richard Strauss’s Macbeth. Uma vasta cinematografia escolta a sua poesia e dança epocal, muita escrita e muitas readings & talks. Iremos saboreando, porquanto, ele o diz em Julius Caesar, [t]here is a tide in the affairs of men” [Act 4, scene 3, 218–224].
London vive ainda a atmosfera natalícia e o eco das mensagens da Queen, do Prime Minister e do Archbishop of Canterbury. Todas evocam a família e a harmonia dos valores cristãos; todas refletem sobre as atuais ameaças à paz entre os povos dos vários credos. Já The Leader of Her Majesty's Most Loyal Opposition antes concede
uma entrevista ao Morning Star, após os primeiros 100 dias de agitada liderança no Labour Party ‒ agora descritos no antigo órgão oficial do partido comunista britânico (1930-66) como reação de “panicked Establishment” assustado com a sua “democratic revival.” Jornal popular, porque “owned by our readers,” e onde possui uma coluna de opinião regular, aqui Jez anuncia a busca de credibilidade como estadista com a habitual ronda internacional. Quando as sondagens teimam em o retratar como inelegível (43% de votos negativos como candidato ao No. 10) lança o olhar para as capitais continentais e aponta Lisboa, com o apoio à agenda económica do governo socialista. A passagem importa, pois ventila uma nova coligação europeia: “Yes, the [European] Central Bank has treated [Greece] disgracefully. I had a very useful meeting with the prime minister of Portugal.. and he has invited me and John McDonnell to go there and hold meetings in support of their programme of anti-austerity.” — Well, well. The beginning of wisdom is to call things by their right names. And, a Happy New Year!
St James, 28th December
Very sincerely yours,
V.