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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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A FORÇA DO ATO CRIADOR

 

Jonhathan Lasker, a pintura das marcas físicas. (parte 2)

 

'Although improvisation is one of the subjects of my work, it definitively does not fall within the convention of action painting. Picture making and process are the goals of my work, not the act of painting', Jonathan Lasker

 

Os desenhos que são feitos em papel de pequeno formato (10x15cm) geram pequenos estudos a óleo. São estas pequenas pinturas, que por sua vez, informam as linhas e as formas das pinturas de grande formato. 

 

'I tend to work with the miniature up to the very large, in my work process.', Jonathan Lasker

 

Neste processo, existe espontaneidade, mas está comprimida num número sem fim de ações preconcebidas. Lasker não se limita a aumentar a escala dos pequenos estudos. Há, sem dúvida, margem para o acaso e para o erro. No fundo, sabe-se à priori a imagem a que se deseja chegar, 'but making the paintings is like being an actor improvising a known role.' (Lasker em entrevista à revista 'Ambit').

 

As formas grandes e espessas são particularmente difíceis e trabalhosas de executar. Embora os rabiscos/gatafunhos, que enchem os fundos sejam desenhados, nos estudos, automaticamente e com grande rapidez pela mão que é dirigida pelo subconsciente, têm uma aparência de execução meticulosa (a linha tem uma espessura uniforme e as sua margens são bem definidas). Estas linhas, nas pinturas de grande formato, são copiadas de modo a retirar a marca da mão e do tempo - só os rabiscos que aparecem dentro das grandes figuras espessas são espontâneas e atuais. Deste modo assumem-se formas contraditórias - hard edge versus formas gestuais; tinta espessa versus superfícies planas; objeto físico versus objeto percepcionado.

 

'I use abstract forms like objects or things in space', J. Lasker

 

Ao longo do percurso do pintor, a linha foi tornando-se cada vez mais importante e os fundos tornando-se cada vez mais claros e eventualmente brancos.


Os fundos padronizados em muito contribuem para uma estreita relação entre a figura e o fundo. As figuras/padrões do fundo muitas vezes desafiam a figura que se destaca, criando assim uma tensão intencional. 

 

A pintura de Lasker, é assim uma narrativa contínua do subconsciente que se expande e objetifica através de um vocabulário recorrente e repetitivo cada vez mais elaborado e com mais identidade.

 

'I feel that artists of interest seem to mentally inhabit a world of their own making. If they're really good, that world will have relevance to the real world.', J. Lasker

 

Ana Ruepp