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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA



As linguagens secretas da amizade absorvem intensidades e fidelidades inamovíveis enquanto marcas da adolescência, quando as palavras-passe assentam chãos de rituais de confiança. A puberdade, pelas razões de todos conhecida, é conivente numa sigilosa partilha de segredos que se não estendem à família mais próxima. Entendemos, que na idade adulta, se torna mais insondável o consolidar de uma amizade. Mas, a verdade, é que não somos sonâmbulos se temos um amigo, ainda que a amizade possa trazer a dor mais duradoura, se essa amizade for traída.

 

O coração não se gasta na amizade pois através dela a solidariedade enfrenta processos de batalha que sempre vence. A amizade autêntica exulta por um amigo e por tudo o que ele conquiste. Quando mais antigas as amizades, elas suportam como nenhum sentir a enfermidade que a vida nos pode aportar, os desgostos de perdas irrecuperáveis e tanto, mas tanto nos ajudam a entender os perfumes da morte.

 

Aqui surgem os jardins que olho. Os traços dos corpos sentados nos bancos dos jardins públicos e que por breves gestos expõem a pressão dos vazios. Pergunto-me se terão de falar consigo mesmos se forem, dos dois amigos, aquele que sobrevive aos encontros no jardim. No ocaso o enigma que contém o sentir da amizade é a dádiva que nos intima a confiar no amor da amizade.

 

Começou há muito, o tempo da linguagem secreta da amizade. A idade torna-se agora irrelevante e frutuosamente filosófica. Vai surgir uma liberdade de descoberta que aporta energia ao envelhecer, rivalizando com o tempo das palavras-passe e das cumplicidades tidas por força e por doses de bruteza. Assim vai surgir amadurecida a compreensão desinteressada, ou antes aquilo que nos torna enfim inteligentes na generosidade que só o coração tem, quando lhe não foi necessário o rosário das reconciliações que impediram de um modo ou de outro a tranquilidade dos dias.

 

Teresa Bracinha Vieira

BRUCE SPRINGSTEEN

BRUCE SPRINGSTEEN: o artista também participou da música "we are the world” que tinha o objetivo de arrecadar fundos para o combate da fome na África,

 

Um dia, não sei quando,

Vamos chegar àquele lugar

Aonde queremos ir de verdade

E caminhamos ao sol.

Mas, até lá, vagabundos como nós

 

O pai de Bruce trabalhava como motorista e era de origem holandesa e irlandesa e a mãe tinha ascendência italiana. Nasce Bruce em 1949 e só muito mais tarde, desperto para o álbum The River, cujas letras das canções se focam na classe operária e conduzem a baladas de grande intensidade emocional. Fiquei atenta quando o disco Born in the USA lançado em 1984, foi um êxito extraordinário (são vendidos 15 milhões de discos) e referindo-se o título deste disco ao tratamento recebido pelos veteranos da guerra do Vietname nos E.U.A.. Alguns amigos e outros colegas da própria banda de Bruce foram veteranos dessa guerra violentíssima. Os nacionalismos de que então o acusam são fruto de entendimentos errados sobre esta contestação que Bruce achou imprescindível fazer e deste modo.

 

E acredito que existe uma terra prometida

(…) tenho feito tudo para viver como deve ser

(…) mas por vezes sinto-me tão fraco

(…) e quero encontrar alguém desejoso de ver algo a começar

 

E acrescenta no seu poema A Minha Cidade

Tinha oito anos e corria com uma moeda na mão

Sem esperar e vindo o tempo,

(…) um dia ela beijou-me como apenas um anjo solitário sabe fazer.

Assim o disse Bruce na sua canção Espirito da noite.

 

Julgo que Bruce Springsteen sempre soube que sonho e felicidade se não misturam e que só no segredo da vida se caminha para a felicidade no coração, ou não cantasse também We are the world,

Sabendo ele de outro modo que

my feet they finally took root in the earth

 

Teresa Bracinha Vieira