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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

A FORÇA DO ATO CRIADOR

 

O espaço público e a cidade.

 

'Architecture is actually the interplay between life and form.', Jan Gehl

 

A forma da cidade deve ser aberta a tudo, ambígua e misturada, ordem e desassossego e ser ao mesmo tempo de todos e de um só indivíduo.

 

É o desenho do espaço público que forma a cidade, traz vida e garante a escala humana. Nos tempos de hoje, a cidade, consolidada e dispersa/periférica, cose-se e redesenha-se pelo moldar do que fica entre a massa edificada. Através do controlo do vazio consegue-se estruturar, fixar e delimitar a massa construída e criar condições para que o homem se possa identificar profundamente com a cidade onde vive. O espaço público é por excelência o espaço que promove o encontro físico e permite ao homem, ser totalmente ele próprio e estar também aberto à presença do outro. Até ao caminhar, o homem, usa a cidade como um lugar de reflexão e de construção do seu eu.

 

A estrutura basilar de uma cidade associa-se assim ao traçado das ruas (e das praças), contrariando a ideia, predominante dos últimos 60 anos, de que a cidade (ou qualquer aglomerado urbano) extremamente zonificada é puro produto do edificado (que fica disperso e que por si só pensa-se capaz de criar comunidades e de mudar a sociedade) e que é servido por vias automóveis rápidas (porque a rua é negada e desaparece).

 

É possível determinar a tão desejada complexidade do edificado e dos usos através de alinhamentos e do tamanho do lote - na cidade antiga, os caminhos formavam as ruas que depois eram preenchidas a pouco e pouco com o edificado (a vida desenhava a cidade). O desenho do espaço público deve, por isso, incentivar abertura e continuidade - continuidade entre os diversos espaços da cidade mas também continuidade em relação à memória e à história de uma cidade. E deve igualmente possibilitar a presença constante de movimento, escolha, hesitação e ambiguidade - porque se devem assim criar estruturas que estejam abertas à interpretação e à apropriação individual.

 

Ana Ruepp