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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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A FORÇA DO ATO CRIADOR

 

Steven Holl - sombra/luz, ideia e fenómeno.

 

'I am interested in creating something you can believe in.' , Steven Holl, 1996

 

A arquitetura de Steven Holl (1947) aprofunda-se pelo meio das sombras, adensa-se pelo meio da luz. É lugar, é ideia, é fenómeno. 

 

Sombra/Luz

'I went to Rome and I lived behind the Pantheon in an apartment with no windows. Every morning, I would get up early and go down one block into the Pantheon and see this circle of light coming down from the top of the dome.', Steven Holl

 

Tal como escrito em 'In Praise of Shadows' (Junichirō Tanizaki) na arquitetura de Steven Holl a definição de espaço é semelhante à dos espaços nas casas japonesas, porque depende da variação das sombras - sombras escuras contrastam com as sombras claras (ver o projeto da Casa da Piscina e Estúdio de Escultura, em Scarsdale, 1981). As aguarelas, que acompanham sempre o desenvolvimento dos projetos de Holl, procuram pelos efeitos da luz no espaço.

 

Ideia 

Steven Holl concretiza ideias: 'I have always believed that each project should have an idea which is driving the design.'

 

Para Holl, a ideia, num projeto, prevalece eternamente. A materialidade construída é perecível. Por isso, Holl está verdadeiramente interessado na natureza filosófica das ideias - ideias como origem e como potencial de fenómenos. As suas ideias surgem através do imprevisível - porque cada lugar apresenta condições particulares e específicas - e desejam valorizar a existência do todo e não do fragmento.

 

Fenómeno

'Architecture unlike philosophy, art, or linguistic theory, has the potential to connect to everyone.', Steven Holl

 

Steven Holl encontra um modo híbrido de trabalho entre o enquadramento conceptual e a aproximação fenomenológica. 

 

A validade dos princípios da sua arquitetura funda-se num conhecimento pré-reflexivo.

 

Jean-François Lyotard escreve que é a fenomenologia que permite ultrapassar as próprias incertezas da lógica, através de uma linguagem que exclui a incerteza. O ponto de partida são os dados imediatos da consciência. Estudam-se os fenómenos, tudo aquilo que aparece à consciência, tudo aquilo que é dado. Trata-se de explorar a própria coisa tactilmente, de modo a evitar forjar hipóteses, sobre o que une o eu ao fenómeno - porque ao arranjarem-se explicações para essa coisa deixa de ser a própria coisa.

 

'I think architecture offers the hope of returning to us all those experiential qualities: light, material, smell, texture, that we have been deprived of by the increasingly synthetic environment of images on video screens.', Steven Holl

 

Para Steven Holl, A experiência imediata e a intuição tomam uma importância singular no entendimento da realidade e formam as ideias. A luz, a sombra, a textura, o detalhe e a sobreposição espacial são os elementos físicos que constituem o objeto construído - que é presença sensível mas simultaneamente significado que prevalece para sempre.

 

Ana Ruepp