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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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A FORÇA DO ATO CRIADOR

 

A arquitetura de Peter Eisenman, nos anos setenta.  

 

Peter Eisenman (1932) inclui-se no grupo de arquitetos, que a partir de 1970, começou a questionar a arquitetura como objeto isolado - a tradição modernista iniciou este processo de afirmação do objeto construído, que se afirma individual, único e novo, com alguma ou nenhuma relação com a circunstância ou o existente.

 

Eisenman desde cedo, interessou-se pelo processo de desintegração da presença material do objeto. E ao desintegrar-se, o objeto poderia assim ter uma existência ambígua e ser em simultâneo uma entidade auto-suficiente e uma componente de uma estrutura maior que constitui o contexto urbano. 

 

Peter Eisenman criou uma arquitetura que começou primeiramente por existir em desenhos e em discussões académicas - só a partir de 1983, o concurso para o Visual Arts Center at the Ohio State University in Columbus constituiu-se uma arquitetura que se teoriza na prática, que se vai descobrindo no fazer. 

 

Nos anos setenta, Eisenman, ficou associado ao grupo 'The New York Five', também conhecido por 'The Whites' do qual faziam parte Michael Graves, Charles Gwathmey, John Hejduk e Richard Meier. Ao evocarem e reinterpretarem as obras pioneiras do movimento moderno, o grupo estabeleceu-se por aproximação formal, sob égide de Philip Johnson e durante um período limitado de tempo constitui-se como a alternativa possível à corrente corporativa dominante. 

 

'The architectural diagram can be conceived of as series of surfaces or layers which are both constantly regenerated and at the same time capable of retaining multiple series of traces.', Peter Eisenman

 

Eisenman desenvolveu uma analogia entre arquitetura e linguagem sob influência de teorias da linguística contemporânea como o estruturalismo e o desconstrutivismo. E por isso submeteu sempre a forma a processos de revisão perpétua, através de uma exaustiva sequência de operações: transformação, decomposição, mudança de escala, corte, rotação, inversão, sobreposição, dobra e deslocação.

 

A Casa IV (Connecticut, 1972-76) foi o primeiro projeto diagramático de Peter Eisenman. A série de diagramas foram concebidos para esta casa não só para estabelecer uma ordem hierárquica entre os elementos de construção mas também para a sua materialidade.  E os diagramas também permitem substituir espaço e estrutura por tempo e movimento. Na Casa VI as fachadas não são o elemento vertical primordial. Diversos elementos flutuantes cruzam-se no centro do espaço interior. A casa poderia assim ser lida tanto do avesso e como de pernas para o ar: 'The House VI exists as both an object and a kind of cinematic manifestation of the transformational process, with frames from the idea of a film being independently perceptible within the house. Thus the object not only became the end result of its own generative history but retained this history, serving as a complete record of it, process and product beginning to become interchangeable.' (Eisenman).

 

Ana Ruepp