Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CEUTA – 600 ANOS DEPOIS…

Untitled.jpg

Os portugueses fundearam em Ceuta a 21 de agosto de 1415 e no dia seguinte a cidade ostentava na torre de menagem as quinas e os castelos. Eis a data que marca a presença dos portugueses fora da Europa.

Ceuta foi o primeiro destino. D. João I, de Boa Memória, e seus filhos, a Ínclita Geração, os Altos Infantes (na feliz expressão camoniana), concretizam a tomada do porto dos dois mares, na entrada do Mediterrâneo. Discutem-se as razões. Há um argumento cavalheiresco e de cruzada, que significa estarmos na transição da Idade Média para um novo tempo, com reminiscências antigas ainda presentes. Não foi Aljubarrota o fim da nossa era medieval? Há certamente razões económicas para a conquista – o reino de Portugal estava depauperado, em gentes e riquezas, pela Peste e pela quebra na produção. Faltava pão e ouro. De facto, não houve uma só ordem de razões, houve uma soma de fatores – políticos, sociais, económicos, religiosos. E se Ceuta não trouxe os benefícios que dela se esperava, o certo é que representou uma posição importante, que serviu de base à empresa das Descobertas. Luís Filipe Thomaz fala-nos de três fatores para a expansão: a necessidade de uma reconversão social que assegurasse a sobrevivência de uma nobreza em crise, porque fragmentada e limitada pela burguesia em ascensão (reforçada em 1383-85) e por uma realeza com um poder crescente; a necessidade de abertura de rotas comerciais que permitisse a criação de riqueza e garantisse liquidez para sustentar a posse do património de bens imóveis; e uma política de afirmação de um Estado nacional forte que, recém-saído da crise dinástica e dirigido por um conjunto de governantes de horizontes abertos, procura evitar o cerco ou a absorção por um vizinho poderoso (Castela) e garantir a paz interna, aliviando tensões sociais e transferindo a conflitualidade para o exterior. Ceuta não acompanhará a Restauração portuguesa de 1640 e será integrada formalmente na coroa espanhola em 1668, mantendo, no entanto, a bandeira antiga que é idêntica à de Lisboa com as armas de Portugal ao centro. Apesar de D. Pedro ter dito que Ceuta era um «grande sorvedouro de gente e de dinheiro», o certo é que foi na estratégia da expansão portuguesa um importante eixo de ação.

1 comentário

Comentar post