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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

INICIAMOS O ANO EUROPEU DO PATRIMÓNIO CULTURAL -2018!

 

O património cultural não se refere apenas ao passado, mas à permanência de valores comuns, à salvaguarda das diferenças e ao respeito do que é próprio, do que se refere aos outros e do que é herança comum. Como compreenderemos a Europa sem o diálogo entre a tradição e o progresso, sem o entendimento das raízes e sem a complementaridade entre judeus, cristãos e muçulmanos? Urge entender, afinal, que o que tem mais valor é o que não tem preço. A compreensão do património cultural que nos permite assumir uma cidadania civilizada. Desde a Torre dos Clérigos ou da charola do Convento de Cristo à custódia de Belém, passando pela pintura de Nuno Gonçalves, pela poesia trovadoresca, pela lírica e épica de Camões ou pelo Romanceiro de Garrett, estamos perante símbolos do caminho de um povo, que se afirmou e engrandeceu em contacto e no respeito dos outros.

 

O Comissário Europeu para a Educação e Cultura, Tibor Navracsics, ao abrir oficialmente o Ano Europeu do Património Cultural, recordou no Fórum Europeu da Cultura de Milão, não estarmos a falar «de literatura, arte, objetos, mas também de competências aprendidas, de histórias contadas, de alimentos que consumimos e de filmes que vemos». De facto, precisamos de preservar e apreciar o nosso património, como realidade dinâmica, para as gerações futuras. Compreender o passado, cultiva-lo, permite-nos preparar o futuro. Estamos a encetar um momento importante na vida da União Europeia. É tempo de não deixar o património ao abandono, de estudá-lo e compreendê-lo designadamente através de uma forte aposta na educação de qualidade para todos. Como poderemos compreender um monumento ou uma obra de arte se não soubermos de onde vem e qual o seu significado?

 

O conceito moderno de património cultural, definido na Convenção de Faro, valoriza a memória e considera-a fator de cidadania, de dignidade e de democracia. Quanto à atenção e ao cuidado, pensamos que vai haver muito mais pessoas despertas para o culto e a proteção do património.

 

Se é verdade que, segundo o Euro-barómetro, 8 em cada 10 europeus consideram o património cultural importante, não só para cada um, mas também para a comunidade, para o país e para a União no seu conjunto, importa compreender que estamos a falar de um fator crucial para podermos superar egoísmos, fechamentos e conflitos insanáveis. Mais de 7 em cada 10 europeus concordam com a necessidade da ligação entre património e qualidade de vida, em nome de um desenvolvimento humano. E 9 em cada 10 consideram que o despertar nas escolas para a defesa do património é fundamental. As políticas culturais têm de se centrar cada vez mais na atenção efetiva atribuída ao património cultural.

 

Não podemos esquecer o valor económico do património cultural como fonte de desenvolvimento – 7,8 milhões de postos de trabalho na União Europeia estão ligados indiretamente ao tema, como o turismo e tantos serviços conexos como a mobilidade, a segurança e o conhecimento. 300 mil pessoas estão diretamente ligadas ao património na União Europeia. Afinal no velho continente está cerca de metade dos sítios classificados (mais de 450) no âmbito do Património Mundial da UNESCO. Compreende-se que a decisão de declarar 2018 como o Ano do Património corresponda à afirmação de um desígnio ambicioso: baseado na necessidade de consagrar a mobilização de vontades em torno de uma herança comum, de um ideal europeu de respeito mútuo, de qualidade e de humanismo, certos de que não podemos deixar ao abandono o que nos legaram as gerações que nos antecederam, nem acomodar-nos à irrelevância e à mediocridade. Como poderemos preparar, de modo informado e conhecedor, o progresso futuro sem cuidar da continuidade e da mudança? Procura-se sensibilizar a sociedade e os cidadãos para a importância social e económica da cultura – com o objetivo de atingir um público tão vasto quanto possível, não numa lógica de espetáculo ou de superficialidade, mas ligando a aprendizagem da História e o rigor no uso e na defesa das línguas, articulando educação e ciência, numa perspetiva humanista.

 

CNC

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