NA CRUZ DO TEMPO
O pesado andar do lavrador
É também um cansaço
Coberto de orvalho
Para que água não lhe falte até ao fim
Seja o terminar
Um Tempo que dele se esquecerá
Uma dor branca ou grisalha
Que devagar
Desperta em mim
Que um outrora teve olhos
Peregrinos
E amou mágoas
Escondendo o rosto
Que se aproximou de mim, vem
Indefeso
Numa imensidão de estrelas
Pousadas nos campos
Que para ti plantei
Lavrador
E depois solitária
Aguardei
No lugar onde o grilo cantava
Que tu
Lavrador
Chegasses não triste
Rosa
Dos meus dias
Caminhando com sandálias de prata
Tão errante de beleza e de cansaço
Tão abraço que labuta e morre
E seja eu quem recorde
Estranhas coisas ditas
Tu.
Teresa Bracinha Vieira