NÚRIA ALBÓ
QUE PREGUIÇA
(Quina mandra)
Ai que preguiça viver, hoje que não faz vento
e as pedras são prostradas por um calor tardio!
O bosque despiu-se. Há papéis
sujos de humanas misérias. O pudor presente
afoga velhas lembranças de perfumes velhos.
Este é o meu bosque, que apareceu
quando ruíram todos os antigos mitos.
Mas há um júbilo profundo na áspera verdade
e saí a recebê-lo com os braços estendidos.
Escritora e política, Núria é uma poetisa a não perder. A sua investigação em Filosofia na Universidade de Barcelona trouxe-lhe claridade e objetividade à escrita tendo colaborado na conhecida revista Inquietud de Vich (em catalão Vic) que se trata de um município espanhol situado na província de Barcelona.
Foi alcaide de La Garriga em 1979 e também neste cargo nunca descurou a importância das artes na formação do individuo, particularmente na formação das emoções como modo de aclaramento dos sentires em maturidade.
Autora de livros infantis, de novelas e de poesia, sempre resultou da sua escrita uma falta de cansaço no rebentar dos ferrolhos de cada um para que a luz entre. E assim nós. E assim nós e os navios.
Teresa Bracinha Vieira