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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um estudo sobre o Coliseu do Porto nos 75 anos de atividade

 

Assinala-se a publicação de um conjunto de volumes evocativos da fundação do Coliseu do Porto, precisamente intitulado “O Coliseu e a Cidade: 75 Anos de História” (2018).

 

Trata-se efetivamente de uma evocação histórica em si mesma do edifício mas mais do que isso: o conjunto de publicações, editadas pelo próprio Coliseu, envolvem um vasto referencial de documentação de uma das mais relevantes casas de espetáculo da cidade, na perspetiva abrangente de arquitetura, urbanismo, atividade cultural e também de valores adjacentes no âmbito, insiste-se, da cultura e do espetáculo em si.

 

Porque  de tudo isso historia  e documenta o conjunto das publicações, a saber, um volume de introdução com 7 textos da autoria de  Rui Moreira  na qualidade de Presidente da CMP, e de Eduardo Paz Barroso na qualidade de Presidente do Coliseu do Porto, de Henrique Cayate-Designer, Luis Cabral- Bibliotecário, Miguel Guedes - Músico, Álvaro Costa – Comunicador e Bernardo Pinto de Almeida – Poeta e Ensaísta: as designações são do próprio livro, mas servem aqui para documentar com toda a justiça a amplidão do conjunto dos estudos.

 

Mas mais do que isso: independentemente da larga qualidade e abrangência dos aspetos analisados, há que valorizar a documentação gráfica e fotográfica, passe a redundância que aqui é propositada, em dezenas de fotografias devidamente legendadas e documentadas, e que, no conjunto, constituem uma vasta referência do edifício e da sua atividade cultural ao longo destas dezenas de anos.

 

E curiosamente, o livro de imagens abre com uma reprodução fotográfica do requerimento, em papel selado como então se impunha, redigido numa linguagem que em tudo documenta o ambiente político, administrativo e cultural da época:

 

“Exma. Câmara Municipal do Porto:

A Empresa Artística S.A.R.L. com sede na rua de Passos Manoel, Jardim Passos Manoel, desejando reconstruir no seu terreno, uma nova casa de espetáculos, conforme o projeto junto, de forma a que esta seja inaugurada oficialmente durante as Festas do Duplo Centenário , contribuindo assim na medida do que lhe é possível, para o brilho e esplendor das mesmas nesta Cidade, aguarda que a Ex.ma Câmara do Porto, animada do mesmo desejo, faça a sua aprovação o mais rapidamente possível e autorize o inicio das obras imediatamente. Assim, contribuiremos todos para o prestígio do Estado Novo e mostrar-nos-emos atentos ao apelo de Sua Exa o Sr. Presidente o Conselho”.

 

O requerimento é datado de 1 de março de 1939. A linguagem e o ambiente político mostram-no bem!... E ainda mais, se tivermos presente que a ideia de contruir um edifício destinado a espetáculos vinha já de 1937 e passou por vários projetos e arquitetos. Acaba por prevalecer um projeto de Cassiano Branco.

 

E depois de variadíssimos episódios, será inaugurado em 19 de dezembro de 1941 com um concerto da Orquestra Sinfónica do Porto, dirigida pelo maestro Pedro de Freitas Branco tendo como solistas a pianista Helena Moreira de Sá e Costa e a cantora Maria Amélia Duarte de Almeida.

 

O Coliseu do Porto sofreu alterações e esteve a certa altura para ser encerrado e demolido, Mas reabriu em Novembro de 1998 com uma récita da “Carmen” de Bizet. E até hoje se impõe numa heterogeneidade da espetáculos, como o livro acima citado amplamente descreve.

 

E em boa hora conserva a estrutura e ambiência do edifício e da grande sala principal.

 

DUARTE IVO CRUZ