Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

MÁRIO MELO ROCHA – UM AMIGO.


Por Guilherme d’Oliveira Martins

 

Conheci-o em meados dos anos oitenta, entusiasta, ativíssimo, ainda não tinha feito trinta anos. Um amigo comum – Miguel Veiga – permitiu que os laços de amizade se reforçassem. O seu pai, o Desembargador Dr. Gelásio Rocha, com a sua simpatia, também colaborou nessa empatia natural. Com João Salgueiro, Emílio Rui Vilar, Artur Santos Silva, tendo eu assumido por essa altura a presidência da SEDES, convidei-o para lançar e dirigir o núcleo do Porto da Associação. Os resultados não se fizeram esperar. A SEDES do Porto, com antigas tradições (de Mário Pinto e Joaquim Macedo a Francisco Sá Carneiro), tornou-se um polo estuante de energia. Tudo graças ao Mário Melo Rocha, com quem falava diariamente, e que me ia apresentando iniciativas de reflexão, debate, estudo do maior interesse, mobilizando o núcleo. Os temas europeus entusiasmavam-no especialmente – num momento em que, sob a presidência da Comissão Europeia de Jacques Delors, com a adesão portuguesa bem fresca, perante a queda do muro de Berlim, se operavam os preparativos de Maastricht e dos alargamentos, sendo preciso pensar profundamente o que de fundamental estava em causa. Lançámos os Encontros Internacionais de Sintra, de que foi um dos grandes animadores, que trouxeram – com uma mensagem inicial de Vaclav Havel - até nós a fina flor do debate europeu: Adam Micnnik, Jacek Wosniakowski, Olivier Mongin, o saudoso José Vidal Beneyto, Timothy Garton Ash, Paolo Flores d’Arcais. Mas nunca esquecerei as memoráveis sessões sobre o futuro de Portugal e da Europa que organizou na delegação da Cultura, na Rua António Cardoso. Era pretexto para conversarmos longamente, sob o sol primaveril da Foz, sobre tudo: a política, a economia, a universidade, o ambiente, o direito. Nestas andanças, conhecemos, graças à persistência dele, a personalidade extraordinária de D. Gonzalo Torrente Ballester, que nos veio falar da sua vida, do seu tempo e da sua obra, numa noite gloriosa. São estas lembranças, e uma funda saudade já, que me assaltam, quando ainda mal acredito que o Mário nos tenha deixado inesperadamente. Até sempre meu querido amigo! Voltaremos um dia à Foz para falar de tudo! Combinado! D. Gonzalo estará connosco!