O Centro Nacional de Cultura homenageia uma das grandes referências da cultura europeia contemporânea.
António Tabucchi, o escritor italiano que escolheu Portugal por afecto.
António Tabucchi uma razão para o tempo não envelhecer.
Por Teresa Vieira
A vida não está por ordem alfabética como há quem julgue. Surge…ora aqui, ora ali, como muito bem entende, são migalhas, o problema depois é juntá-las, é esse montinho de areia, e esse montinho de areia, e este grão que sustém? Por vezes, aquele que está mesmo no cimo e parece sustentado por todo o montinho, é precisamente esse que mantém unidos todos os outros, porque esse montinho não obedece às leis da física, retira o grão que aparentemente não sustentava nada e esboroa-se tudo, espalma-se e resta-te apenas traçar uns rabiscos com o dedo, contradanças, caminhos que não levam a lado nenhum, e continuas à nora, insistes no vaivém, que é feito daquele abençoado grão que mantinha tudo ligado…até que um dia o dedo resolve parar, farto de tanta garatuja, deixaste na areia um traçado estranho, um desenho sem jeito nem lógica, e começas a desconfiar que o sentido de tudo aquilo eram as garatujas.
António Tabucchi in “Tristano Morre”
Os poemas de Pessoa, o contacto com O’Neill e Cardoso Pires, a tradução de Drummond, o contributo para as línguas e cultura europeias e este silêncio que se deve fazer também pela escrita, e encurtá-la na nomeação deste sempre galardoado Escritor, critico e tradutor de peito cheio.
Tabucchi Nascido em Vecchiano como Poeta na margem do Tejo.
25.03.12
Sec XXI