Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS

The Appeasement, 1938

 

 

 

Um ano dura a peace with honour acordada por Mr Neville Chamberlain e Monsieur Édouard Daladier com Herr Adolph Hitler, sob a égide do Signor Benito Mussolini. The Munich Agreement é assinado em 1938, a 30 de Setembro, durante uma 4-Power Conference coreografada ao detalhe pelos nazis. – J’en ai vu bien d’autres! Não ficando no Reich a celebrar o München Pusch ou a Oktoberfest que une a cerveja bávara a frango grelhado, mas ainda pleno de entusiasmo, o Premier regressa a London a esgrimir o documento contendo as assinaturas com as quais afastaria as nuvens de guerra que se adensam sobre o continente. Do Heston Aerodrome ao 10 Downing Street, desdobra-se em declarações públicas. – Hmm... O Führer cedo desrespeita o tratado. A invasão de Prague ocorre na Primavera de 1939 e a WWII deflagra no Outono, causando a morte de quase 70 milhões de pessoas à volta do mundo.

 

Erro político do Chamberlain Cabinet? A consequência de valor da Appeseament policy é sabida, com a polémica a saltar dos green benches para as academic lines de revisionistas e contra revisionistas. Muitos, aliás, cuidam mais da reputação e menos do the heart of the matter. Afora a tese do Cato’s guilty men, quais as evidências? A Rugby School mind embalada pela farsa hitleriana e pela íntima convicção de persuadir déspotas to play the diplomatic game!? À época, o fruto de Munich contenta tanto as ruas, como os Press barons e as Houses of Parliament. Os pares aplaudem. − Well, not everyone. “Stand up, you brute!,” grita um MP ao atónito Harold Nicolson.

 

 

Após o Anschluss e em vésperas da Kristallnacht, sobreviera a traição à Czechoslovakia perpetrada pelos appeasers em nome da “peace for our time.” Mr Winston Churchill verbera o líder conservador em carta privada: “We are in the presence of a disaster of the first magnitude... we have sustained a defeat without a war, the consequences of which will travel far with us along our road... we have passed an awful milestone in our history, when the whole equilibrium of Europe has been deranged […].” Mais nota: “And do not suppose that this is the end […].” Mr Clem Attlee concluirá na House of Commons sobre a chamberlainite: “The fact is that our [Labour] party… won’t have you and I think I am right in saying the country won’t have you either.”

 

A par da morte do dinheiro nos mercados e das forças subtis que nos 30’s se movem at the nexus of power and knowledge, a política é melhor compreendida pesando também a dimensão humana. Se, consoante o protagonista, um papel rubricado ou uma declaração oral são meras palavras ou significam algo de válido, já um admirador de Mr Benjamin Disraeli presente em Westminster desde 1918 é diverso de a political naive. Escreve Herman Hesse em Magister Ludi (1943): “Studying history, my friend, is no joke and no irresponsible game.” – O mesmo, naturally, quanto à smoke-filled ambience of state affairs!

 

St James, 25th September

 

Yours very sincerely,

 

V.

 


- PS: Nick Clegg emaila-me sobre “fairer taxes”. Explica-se: “It means cutting the tax bill of average workers. It means making the very rich pay their fair share. I want the super-rich to pay their fair share, through policies.” Faz sentido, não? The fairness. Mas na conferência partidária, reunida em Brighton, Rt Hon Vince Cable MP adverte que falar de social classes é danoso para a saúde da Gove coalition com os conservadores.