A FUNDA
Oliveira Martins
O dr. Guilherme de Oliveira Martins propõe que se substitua a Austeridade pela Sobriedade.
Vejamos.
Um homem austero é um homem triste.
Um País austero também.
Um homem sóbrio é um homem auto-controlado.
Um País sóbrio também.
A Austeridade é uma auto-encenação moral, digamos moralista e sentenciosa.
A Sobriedade é uma contenção e um procedimento.
A Austeridade encena-se para o redor.
A Sobriedade respeita o redor.
A Austeridade impõe.
A Sobriedade exemplifica.
A Austeridade esmaga.
A Sobriedade, sobrevivemos-lhe.
A Austeridade é antropófaga.
A Sobriedade senta-se, colectivamente, à mesa.
Politicamente é uma diferença abissal.
A Austeridade é a incompetência política e a Sobriedade é a competência política.
Competência política feita de cultura, de sociabilidade, de solidariedade, de humanismo.
De economia, também. Porque, como diz um Prémio Nobel dela, a Economia somos nós e as nossas vidas.
Há optimismo na Sobriedade.
Há pessimismo na Austeridade.
A Austeridade é um túnel selvagem virado para dentro de si próprio.
A Sobriedade leva a luz ao peito.
Resumindo: a Austeridade é uma pain in the ass e a Sobriedade não é uma pain in the ass.
Artur Portela