ILÍADA - ODISSEIA
E Janeiro é mês lunar se com ardor e coragem tudo for incerteza como no seguro monumento literário da língua grega.
A ILÍADA
Um aedo era um artista que cantava epopeias acompanhado por um instrumento musical. O mais célebre dos aedos é Homero.
Tradicionalmente associado à poesia épica, como é o caso da Ilíada e da Odisseia, a Ilíada utiliza o hexâmetro dactílico que é um estruturado esquema rítmico. Bem mais tarde o poema foi então dividido em 24 cantos sendo esta divisão atribuída aos estudiosos de Alexandria.
O conhecimento prévio da mitologia grega acerca da guerra de Tróia é relevante para a compreensão da obra, pois que a história da guerra de Tróia não é contada na íntegra.
A Ilíada ocupa-se da grande ira de Aquiles, o maior guerreiro e o mais belo dos heróis reunidos contra Tróia. Era também Aquiles o herói do luto já que os seus homens traziam luto ao inimigo. Vulnerável numa parte do corpo, seu calcanhar, Aquiles e Agamémnon, que era o comandante dos exércitos gregos em Tróia, enfrentam-se.
Agamémnon, distinto herói grego tinha tomado e feito sua Briseis, uma bela escrava, espólio de guerra, cujo verdadeiro nome era Hipodâmia. Foi Briseis sequestrada durante a Guerra de Tróia por Aquiles, depois deste ter morto seus três irmãos e seu marido, o rei Mines.
Aquiles, por vingança largou a batalha e quase custou a guerra aos gregos!
A Ilíada é considerada como a fundadora da literatura ocidental. Chamo também a influência homérica à obra Os Lusíadas de Camões.
Clamo as tramas narrativas, surpreendentemente modernas: a superação dos perigos em desespero, e quantas vezes caídos nas ameaças amplas da luta pela sobrevivência.
Enfim, assim pudesse eu contar com o amparo de um Oráculo e crer que as suas artes divinatórias fossem a resposta da divindade, por mim consultada, e me exprimisse os desígnios de uma iniciação:
o lugar-hora, o lugar-hora te peço, quando Janeiro é mês lunar de uma esperança que por um aedo se fizesse Odisseia de uma Asia Menor que residiria em qualquer local humano.
E já passaram dez anos após o fim da guerra de Tróia, e encontra-se a acção repartida em três tempos principais no vasto colo da Odisseia. Penélope e Telémaco. A presunção da morte de Ulisses e a necessidade da sua viúva, Penélope e de seu filho Telémaco, no lidar com os insolentes pretendentes que se dispunham aos pés de Penélope. Tudo era enfim rescaldo e guerra.
E a tudo o aedo Demodocos dá voz, dá canto. E a Odisseia, na essência, deriva da Ilíada ou de lá retira a sua própria verdade. E o canto é profundíssimo em ambas e inspirado pelo sentido da humanidade, pela delicadíssima harmonia e beleza de vida perene.
A palavra odisseia passou a referir qualquer viagem longa, especialmente se apresentar características épicas, mas nunca fábulas, já que estas são incapazes de responsabilidades.
Também a morte de duas gerações de homens pois que nenhum sobrevive à jornada incrustada naquele presente, conduz à intervenção da deusa Atena que, pessoalmente convence os lados das inacabáveis guerras a abandonar a vingança. Ao que tinham chegado…e porquê?
Depois já ninguém aspira a mais do que a voltar para casa. Todos sentem no périplo essa imperiosa necessidade. A ânsia de paz era tal, que ela mesma romperia todos os obstáculos deste mundo, e assim, em paz, se conclui a Odisseia enlaçada para sempre à Ética.
E no fim chegou uma juventude que rebrilharia de alegria a todos. A juventude de uma vida tranquila.
A ideia de que a grandeza do amor se pode medir pela grandeza dos obstáculos vencidos.
Enfim, os homens tornaram a casa com os ventos num saco, com a pátria à vista, o lar pelos olhos molhados.
E não é obrigação do mito responder, mas atrevo-me à responsabilidade, pois que nunca os náufragos foram tão acarinhados
Boas Vindas ! Boas Vindas !, direi
E Janeiro é mês lunar se com ardor e coragem tudo for incerteza como no seguro monumento literário da língua grega.
Teresa Vieira
- Maria Helena Rocha Pereira é expoente na investigação nas áreas da cultura clássica greco-latina
- "E com o meu nome vos digo que um dia, quando assentar a poeira e não restar memória dos 'light tops' editoriais de 2003, se saberá que o grande livro escrito em língua portuguesa, neste ano da Graça de Deus, foi A Odisseia, traduzida por Frederico Lourenço, quando Palas Atena nele insuflou grande força poética.'' João Bénard da Costa, Público