LONDON LETTERS
The Fabian Society, 1884
Um dos enigmas da política britânica é a persistência secular do fabianismo. Este é o rótulo para an old victorian wine que os continentais denominam socialismo, mas cuja produção insular deve menos às teses marxistas e mais ao humor, aos ensinamentos estratégicos do general romano Quintvs Fabivs Maximvs e às ideias, práticas e políticas públicas geradas na Fabian Society. ‒ Le votre industrieuse voisin à St James. O grupo navega diversas vagas radicais, financia-se saborosamente com dinheiro de Tories e Liberals, institui a London School of Economics e ajuda a erguer o old e o new Labour Party. – Well, well. Britain’s oldest, leftist and brightest political think tank! A 27 February 1900, em reunião entre ativistas e sindicalistas, no Memorial Hall de Farrington, co-decide a criação de "a distinct Labour group in Parliament,” que cooperará com qualquer partido para promover legislação favorável aos interesses trabalhistas. Como o legado da representação em Westminster não bastasse, com promulgação do horário laboral ou da educação universal, abre ao patriotismo internacionalista e é contribuinte líquido do projeto europeu.
A moral tale, indeed. Em tempos de razão para a Rome global, com histórica resignação do Pope Benedict XVI do Petrine ministry, e de emoção para a Rome imperial, com o popular 4th State of Union Adress do President Barack Obama, a tradição progressista irrompe na cena mundial. Ora, sempre o fabianismo revela fé nas pessoas e nos povos. The Fabian Society surge em 1884, na melhor esteira da London club land e do Third Reform Act em torno do alargamento eleitoral. A exemplo dos clubes Constitutional e National Liberal, adota a politics como ementa principal no programa das festas, mas corta com a participação elitista do modelo aristocrata e ergue o que o Dr Seth Thevoz, da University of Warwick, classifica como "the first of a new breed of palatial late Victorian establishments." Se a ideologia é uma Labour’s utopia, assume-se como espaço de debate entre livres-pensadores e viveiro de ideias, quadros e métodos práticos para a gestão local, o governo central e o concerto europeu. A galeria de fundadores desta power house está gravada em curioso vitral de 1910 dependurado na LSE e inclui quota da inteligência social-democrata como Sidney e Beatrice Webb, Edward R. Pease, H. G. Wells, Leonard e Virginia Woolf, Emmeline Pankhurst, Graham Wallas ou George Bernard Shaw.
Os fabianos surgem com o propósito de aperfeiçoar a sociedade. Tudo começa quando o jovem corretor Mr Pease reúne amigos para debater "a moral awakening as the foundation for social and political reform." Concebem um clube democrático de elite, "whose ultimate aim should be the reconstruction of Society in accordance with the highest moral possibities." O encanto inicial é percetível em carta de Mrs Edith Nesbit a Ada Breakell datada de February, 1884: “On Friday we went to Mr. Pease's to tea, and afterwards, a Fabian meeting was held. The meeting was over at 10 ‒ but some of us stayed till 11.30 talking. The talks after the Fabian meeting are very jolly. I do think the Fabians are quite the nicest set of people I ever knew.” Já Mr Shaw regista dilemáticas decisões no grupo: “It is hard to say which cut the more foolish figure, the Tories who had spent their money for nothing, or the Socialists who had sacrificed their reputation for worse than nothing.”
“Educate, agitate, organize” é a fórmula que ecoa numa casa onde debateram Clement Attlee, J. M. Keynes e William H. Beveridge. The Fabians é a "fact-finding and fact-dispensing body," assente na persuasão em variado formato sobre questões políticas e socioeconómicas. Não por acaso climático, a British Nation dispõe de um governo misto aberto ao melhorismo progressista. Afinal, como nota Walter Bagehot, o conservadorismo é doutrina própria de “happy States.”
St James, 14th February
Very sincerely yours,
V.