Encontro na rua de nenhures
toco o rasto do
caminho que nunca percorri
Troco-me por ti
Abro o livro dos anos,
passo o rol
A entrada é saída
Só um dia, já morto, disseram a Colombo
que a Índia dele não era verdadeira
Ouvindo Schubert grito: Rai’s me partam!
e não é que não partem dizem: Espera!
no ar de haraquíri?
Respondes tu que esperas
aqui me tens tardio
Aqui na toca
onde mais nada está
que ar e fogo
sinto já
terra na boca.
ó minha mulher sonhada,/
(…)Não sou base nem sustento.
Apenas breve regalo.
Devolve-me esse pássaro/
e poisa nesse ramo
que o meu olhar alcança.
calado num peito que agradece
tudo me é coração
meu amor meu amor
Escolhi esta fotografia do meu grande amigo Pedro Tamen pois é assim que julgo que o vi aquando da escolha de terras para construirmos, cada um, a sua casa, na amada Arrábida.
Escolhi todas estas esplêndidas palavras que acima exponho, retiradas do seu último livro de poesia “Rua de Nenhures”, já que assim me entendi mais perto da pedra ou dos joelhos por ela marcados, digo, por uma nesga que a escrita do Pedro me há-de permitir.
Escolhi este modo para penetrar na extremamente apurada escrita do Pedro e, por papoilas – não por crer nas tréguas do tempo - assegurar o dizer do quanto a perene vida é rainha, e que se esse fosse o pior mal, nenhum afiado bronze a sua casa voltaria em busca de notícias
para doer.
TERESA VIEIRA
30 de Abril – sec.XXI
- A chancela da D. Quixote está de parabéns uma vez mais e neste 2013.