Manuel Bandeira: nasceu no Recife na Rua da Ventura e desde logo foi Verão.
Lê Charles de Guérin, Goethe entre muitos outros e é muito influenciado pelo parnasianismo que constitui um movimento literário, essencialmente poético, e pelo qual os autores procuravam recuperar valores estéticos da antiguidade clássica. Monte Parnaso é a montanha que, na mitologia grega era consagrada às musas e a Apolo.
Custeia vários dos seus livros e finalmente em 1940 com 54 anos de idade é eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Manuel Bandeira um dos grandes nomes da poesia moderna brasileira conhece Paul Éluard e Gala que se casaria com Éluard e depois com Salvador Dali.
Mas naquela manhã, Bandeira acha que existe um lugar onde as pessoas se sentem bem, talvez por ser um lugar que desarma solidão e infelicidade o bastante, para se dever evocar o sonho de um país imaginário.
E esse lugar é Pasárgada e escreve Manuel Bandeira:
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d ‘água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
E dentro de Manuel Bandeira, neste lugar, tudo lhe foi claro: diria.
TERESA VIEIRA