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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

(de 22 a 28 de Setembro de 2008)

Joaquim Paço d’Arcos, Correspondência e Textos dispersos, 1942-1979”, com selecção, organização e notas de João Filipe Paço d’Arcos e de Maria do Carmo Paço d’Arcos (Dom Quixote, 2008), dado à estampa no ano do centenário do romancista, reveste-se de indiscutível interesse, pois retrata uma época longa da sociedade portuguesa, que vai desde o auge da Segunda Grande Guerra Mundial até cinco anos depois de 25 de Abril de 1974, momento do falecimento do escritor. E se se usa como primeira baliza o ano de 1942 é porque esse é o ponto em que o escritor suspendeu a escrita das suas Memórias (“Memórias da Minha Vida e do Meu Tempo”, 3 volumes).



COSMORAMA LITERÁRIO

Com inteira justiça, Óscar Lopes considerou que se se quiser ver a nossa época num cosmorama literário será preciso recorrer a Joaquim Paço d’Arcos (1908-1979). De facto, o romancista, que não pode ser catalogado num segundo plano, pois se hoje for relido dá-nos pistas muito relevantes para a compreensão da sociedade portuguesa de meados do século XX. Jorge de Sena disse-o, aliás, em 1957, ao apontar certeiramente para o facto de o escritor ter plena consciência de uma “humanidade dolorosamente fruste”, que “plenamente se não realiza, e está presa entre a frivolidade (…) e a superior seriedade moral e intelectual” de que as personagens, sobretudo femininas, são excluídas – Ana Paula, Eugénia Maria, Leonor Malafaya… E nessa medida a obra revela o “que falta a todo um sector da vida portuguesa”, o que constitui “uma das maiores qualidades do Paço d’Arcos romancista – e paradoxalmente tem sido notado como uma das suas lacunas”. O grande mérito deste livro tem, pois, a ver exactamente com a tentativa de nos fornecer elementos sobre essas recordações que não puderam infelizmente ser relatadas na primeira pessoa. Como nos explicam os organizadores, a verdade é que muitos elementos, designadamente correspondência de intelectuais e outras personalidades marcantes, tiveram de ficar de fora, o que nos deixa muito curiosos sobre o que ficou ainda inédito, no entanto todo o manancial agora revelado é, já de si, muito significativo e absolutamente motivador de interesse e curiosidade. JPA é uma das referências importantes do romance português do século XX, com obras publicadas com grande sucesso editorial. Eduardo Lourenço, ao apreciar a conferência do escritor, proferida no Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, em 5 de Outubro de 1976, intitulada “História e Sentido da Crónica da Vida Lisboeta”, salienta, aliás, expressamente o seguinte: “A sua perspectiva constitui pela continuidade da visão, o ângulo específico que lhe é próprio, um dos fios dessa trama global (o viver português dos últimos 40 anos) e acaso a imagem mais fiel – em certo sentido – da antiga (?) sociedade portuguesa, supostamente desaparecida em 74. Mesmo que fosse o caso – que não é, pois as rupturas espectaculares são de superfície – dessa sociedade guarda a sua obra uma imagem que não sendo a única existe e se sobrevive a si mesma enquanto realidade literária, merecendo uma re-visitação iluminante menos confinada do que aquela que até hoje chegou consagrada” (22.3.78). E a verdade é que Paço d’Arcos revela-se ao longo dos documentos agora dados à estampa, um conservador aberto, sobretudo no auge da sua criação, com talento literário bem evidente em obras importantes como “Ana Paula”, “O Caminho da Culpa”, e “A Corça Prisioneira”. E isto bem se nota se seguirmos atentamente o percurso que o livro acompanha.

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Exposição de Pintura de Rui Algarvio
 


 S/ título, 2007, óleo sobre tela, 200x200 cm
 

De 13 de Setembro a 27 de Outubro

 

Ao colocar-nos diante de um referente imediatamente reconhecível, Rui Algarvio confronta-nos, interpela-nos, convida-nos à contemplação, num exercício de procura da essencialidade das coisas, assumindo a representação como acto.

Galeria Carlos Carvalho Arte Contemporanea