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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!


(de13 a 19 de Outubro de 2008)

 

Na recente viagem do CNC a Moscovo e a S. Petersburgo andámos sempre com o precioso livro de Rómulo de Carvalho “Relações entre Portugal e a Rússia no século XVIII” (Sá da Costa, 1979) nas mãos, fonte inesgotável de informações. É uma obra fundamental que permite compreender como foi possível à cultura portuguesa desse tempo a importância de fenómeno nascente que foi a ocidentalização da Rússia.



S. Peterburgo

Quando saímos de Moscovo, levávamos na recordação uma cidade movimentada, que nestes dias era o centro das notícias do mundo, pela crise da Geórgia e pela tentativa do governo russo de se afirmar como protagonista de primeira grandeza na cena internacional. E isso não impediu que o embaixador Manuel Marcelo Curto, apesar de todas as preocupações, pudesse apoiar-nos e receber-nos com grande simpatia e hospitalidade. E nestas paragens lembrámos Jaime Batalha Reis, amigo muito próximo de Antero, que representou a República Portuguesa, primeiro na corte imperial e depois perante o governo revolucionário de 1917. Mas não esquecemos ainda Jaime Magalhães de Lima, que, nos anos oitenta do século XIX, visitou o seu mestre Tolstoi, relatando sentidamente em “Cidades e Paisagens” (Porto, 1889) esse encontro memorável: “ Um dia, um conde desse dourado império dos czars vestiu-se de mujique, e mais do que simplesmente, pobremente, foi esconder-se na sua aldeia e começou a ceifar o trigo, semear o grão e construir a cabana”. S. Petersburgo é uma cidade intencionalmente espectacular. Foi construída por Pedro o Grande com um duplo objectivo, o de aproximar o povo russo da Europa e do cosmopolitismo e o de impressionar como capital de um império de tipo novo. O centro histórico, as margens do Neva, os canais, os principais monumentos, os palácios, a Nevski Prospect, o Hermitage, o forte de S. Pedro e S. Paulo, a flecha do Almirantado, a cúpula de Santo Isaac – tudo nos acolhe com magnanimidade. E em poucos anos, depois da minha última vinda, o movimento alterou-se radicalmente. Os turistas já se acotovelam nas ruas, os museus e os palácios regurgitam de gente. As obras de conservação são visíveis. Mas o tráfico automóvel tornou-se caótico e os engarrafamentos são motivo de “stress” e muitos atrasos. Os conhecedores da cidade não arriscam andar no centro de outro modo que não seja de metropolitano. Tudo se alterou, sobretudo depois das comemorações centenárias de 2003. A cidade modernizou-se e tenderá a ser uma das grandes metrópoles culturais das próximas décadas, voltando a dar actualidade ao célebre verso de Cesário (“Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o Mundo”).


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