A TURMA DE LAURENT CANTET
Já está em exibição 'A Turma', de Laurent Cantet, que adapta o livro de François Bégaudeau ex-professor, jornalista e escritor, sobre um ano lectivo na vida de uma turma de um liceu de Paris. O filme deu à França a Palma de Ouro do Festival de Cannes. O DN entrevistou o realizador.
A sua intenção inicial era realizar uma ficção sobre a escola, ou um documentário?
Sim, era uma ficção, e o que resta dela em A Turma é a história do jovem Souleymane e do conselho disciplinar a que ele é submetido. Mas li o livro do François Bégaudeau, depois conheci-o, percebi que se tratava de material documental interessante e propus-lhe interpretar a personagem do professor, que seria aquele que eu gostava de ter tido quando era estudante, e que corresponde ao que eu espero da escola.
E que é?
Um lugar onde se aprende, onde se adquirem conhecimentos, mas onde também aprendemos a pensar, a pensarmo-nos, a reflectirmos. É um lugar muito interessante de mostrar, e é também muito cinematográfico, por causa dos confrontos, dos diálogos, das tensões, da linguagem, que é o instrumento principal dos alunos, dos adolescentes, que lhes permite apropriarem-se do mundo. Temos que a ouvir bem.
E é uma palavra dita pelo professor e mal entendida pelos alunos que desencadeia o drama no filme e leva ao processo disciplinar a Souleymane...
Sim. Os professores também têm a sua linguagem e é preciso ver como é que essas duas linguagens, a deles e a dos alunos, conseguem coexistir. Por isso, a ideia de que a linguagem se tornasse no motor dos acontecimentos pareceu-me extremamente importante. Tudo se desencadeia a partir de uma palavra a mais dita pelo professor.
Entrevista: Eurico de Barros
in Diário de Notícias | 31 de Outubro de 2008
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