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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

"PORTUGAL – PERCURSOS DE INTERCULTURALIDADE"

 
 

A VIDA DOS LIVROS
de 1 a 7 de Junho de 2009

“Portugal – Percursos de Interculturalidade” (2009) é uma obra coordenada por Mário Ferreira Lages e Artur Teodoro de Matos e corresponde a um projecto levado a cabo pelo CEPCEP (Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa) da Universidade Católica Portuguesa, com o apoio do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), com o objectivo de apresentar aos estudiosos e interessados nos complexos temas ligados ao diálogo entre culturas um manancial de investigação, reflexão e informação que nos conduza pelas veredas inesgotáveis das identidades nacionais, das fronteiras entre povos e culturas e das interacções entre comunidades diferentes. Estamos, assim, perante quatro substanciosos volumes que nos permitem, em vários registos, colher os elementos indispensáveis para nos conhecermos melhor como cultura e povo e descobrir as pistas de enriquecimento mútuo em razão dos intercâmbios gerados no seio do “melting pot” que constituímos: Raízes e Estruturas; Contextos e Dinâmicas; Matrizes e Configurações e Desafios à Identidade.

 

CULTURA, FENÓMENO DE DIFERENÇAS
Do que se trata, ao longo da obra, como afirmam os seus organizadores, é de olhar a cultura, em geral, e a cultura portuguesa, em particular, não só no que toca ao que é específico da cultura erudita, “mas sobretudo para outras dimensões da cultura, algumas delas subliminares, que só a longa análise permite identificar. É delas que esta obra pretende descobrir as raízes, as estruturas e as configurações, antigas e modernas, por estarem na base da nossa forma particular de ser, de sentir e de estar”. De facto, multiculturalidade e interculturalidade constituem hoje fenómenos que exigem uma especial compreensão das relações sociais e comunitárias. Como ainda os organizadores nos dizem: “para melhor compreendermos as dificuldades” (dos processos interculturais) “podemos referir três tipos de situações com resistências específicas à integração intercultural: o primeiro verifica-se quando a cultura dominante se sente ameaçada pelas culturas minoritárias ou adventícias; o segundo, quando estas se entrincheiram nos seus valores e instituições de forma a impedir a abertura à cultura dominante; o terceiro, quando umas e outras desistem de reivindicar o que lhes é próprio e acolhem imediata e indiscriminadamente o que é diferente. Qualquer destas situações é contrária ao desenvolvimento de correcto processo intercultural”. Anthony Giddens fala, por isso, de três categorias correspondentes à síntese possível entre culturas locais e culturas imigrantes: assimilação, ‘melting pot’ e pluralismo. As duas primeiras podem conduzir à interculturalidade, a terceira reporta-se ao muilticulturalismo. Com efeito, é necessário compreender-se que há situações e evoluções muito diferentes, consoante as sociedades, os tempos e as relações estabelecidas. Portugal há muito que deixou de ser uma sociedade de monoculturalidade. E temos de compreender que essa tendência exige um entendimento exacto da evolução das circunstâncias. Daí termos de compreender “os factores estruturantes e os seus efeitos no legado físico e patrimonial, enquanto condicionadores das vivências tradicionais”. Essa é a abordagem do primeiro volume, envolvendo a perspectiva histórica, a biologia, a ecologia, as estruturas de propriedade, as formas arquitectónicas, os trajes, a música popular, as aculturações do luso-tropicalismo. Por outro lado, há as dinâmicas e os conflitos, no segundo volume, envolvendo grupos sociais (como por exemplo os ciganos) e as suas culturas específicas, chegam ao regionalismo e ao peso dos meios de comunicação. Mas temos ainda as matrizes e as configurações do terceiro volume – desde as línguas, expressões linguísticas ou da diversidade cultural até à temática religiosa – e os problemas gerados pela identidade, tratados quarto volume, que obrigam a ressituar as escolhas multi e interculturais. “Do percurso cultural que cimentou as nossas características como povo, resta o desfio de, como diria o poeta, ‘nos cumprirmos’ na diversidade cultural que foi produzida ao longo da história”.

 

ALGUMAS PISTAS
Os textos agora dados à estampa não correspondem a propostas de solução, mas a pistas tendentes a favorecer um conhecimento equilibrado e uma acção reguladora relativamente a fenómenos que surgem nos dias de hoje, sem que haja plena consciência da sua importância e das suas consequências. A interculturalidade, o diálogo entre civilizações e culturas tem de ser visto cada vez mais como um factor activo de paz; as culturas estão todas envolvidas umas nas outras, nenhuma podendo ser vista como pura e singular, afinal, todas são híbridas, heterogéneas, diferenciadores e nada monolíticas. Vivemos, assim, sempre entre o diálogo e o conflito. A importância das negociações ganha cada vez mais peso e prestígio. Impõe-se, ainda, conhecer os limites do multiculturalismo, de modo a superar um perigoso dilema entre “lugar de todos” e “lugar de ninguém”. Num tempo em que a globalização gera, no mundo contemporâneo, dúvidas e perplexidades, é chegado o momento de ligar esses alertas à exigência de favorecer a convivialidade, o conceito de “capital social” ou a ligação entre coesão social e confiança. E como afirma Isabel Capeloa Gil, muitas vezes o multiculturalismo acabou por conduzir a formas renovadas de discriminação social, religiosa e política. Trata-se, por isso, de colocar na ordem do dia os “valores da cidadania”, pondo a tónica na aprendizagem social, nos valores subjacentes a uma solução de cidadania inclusiva, que envolva uma hierarquia de valores, o respeito mútuo como valor ético e a “descoberta do outro”, que, no plano educativo pressupõe: aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a viver com os outros. Como recorda Roberto Carneiro, que participou na UNESCO na feitura do relatório da comissão Delors sobre a Educação no Século XXI, o outro é a outra metade de mim mesmo (o “outro eu” de que falava Matteo Ricci), a educação intercultural é fundamental. Porque desenvolve o conhecimento cultural, respeita a identidade cultural, garantindo a todos a aquisição de conhecimentos, atitudes e competências que os capacitem a fim de contribuirem para o respeito, a compreensão e a solidariedades entre indivíduos, grupos étnicos, sociais e religiosos e entre nações. Daí a necessidade de reduzir drasticamente as oportunidades da exclusão, pelo aprofundamento da integração e pela partilha da emancipação, pelo desenvolvimento da compreensão do outro e pelo fomento da compreensão internacional.

 

O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
Na complexa temática e no enunciado dos diversos problemas aqui presentes, cabe uma especial referência ao diálogo entre religiões, que condiciona profundamente a relação entre diferentes culturas. Como tem ensinado Hans Küng, do que se trata é de perceber que não pode haver paz entre as nações, sem paz entre as religiões. Trata-se de entender que o que nos caracteriza parte de um núcleo fundamental das informações úteis e de prioridades comuns. Daí a necessidade do retorno às humanidades. Daí ter de se entender que sem compreensão religiosa não há diálogo intercultural. Evite-se, pois, a tentação da indiferença e do relativismo ético. Promova-se o conhecimento dos fenómenos religiosos e das suas raízes. No fundo, como bem salienta Peter Stilwell, é indispensável uma procura comum de respeito pela dignidade humana. Trata-se de construir uma nova atitude hospitaleira, que permita fazer do respeito mútuo um modo de ter condições de diálogo, de debate e de regulação de conflitos, como se tivéssemos uma casa comum acolhedora que nos aceita tal como somos, evitando a situação de quantos agem indiferentemente, como se os outros fossem sombras inúteis ou espectros perturbadores. Como diz Jonathan Sacks: “a sociedade é o lar que construímos juntos quando contribuímos com os nossos vários dons para o bem comum de todos”.  

Guilherme d'Oliveira Martins

 

Oiça aqui as minhas sugestões na Renascença


 

 

ABERTO O CONCURSO BOLSAS JOVENS CRIADORES

REGULAMENTO

 

1. O QUE SÃO
Trata-se de uma iniciativa apoiada pela Instituto Português da Juventude que tem como objectivo estimular o trabalho criativo dos jovens nas diversas áreas das Artes e das Letras, competindo ao Centro Nacional de Cultura a gestão do processo de selecção e acompanhamento dos bolseiros.

 

2. PARA QUEM
As bolsas a atribuir dirigem-se a jovens de nacionalidade portuguesa de idade não superior a 30 anos, que tenham já apresentado publicamente um trabalho na área em que concorrem.

 

3. PROJECTOS
Considerando que à juventude cabe um particular papel no sentido de "actualizar" a tradição e a história, transpondo para o presente os seus ensinamentos e dando-lhes uma dimensão contemporânea, são encorajados os projectos que traduzam de algum modo a dupla dimensão "Tradição/Inovação" da Cultura Portuguesa. Os projectos poderão ser de criação, investigação ou formação. A sua forma de apresentação é deixada ao critério dos candidatos, que deverão, no entanto apresentar uma exposição clara da proposta de trabalho, acompanhada de orçamento e outros elementos que possam ser úteis para a respectiva avaliação. Para os candidatos da área de Música é obrigatória a apresentação de provas auditivas e/ou visuais relativamente aos projectos e áreas em que concorrem. O não cumprimento dos aspectos formais de apresentação dos projectos, definidos na secção CANDIDATURAS, será motivo de exclusão do concurso.
É atribuído anualmente um máximo de 8 bolsas a escolher entre novos projectos apresentados e renovações do ano anterior, em todas ou algumas das seguintes áreas: 

  • Literatura
  • Artes Visuais: Vídeo/Artes Plásticas
  • Artes do Espectáculo: Dança/Teatro
  • Música

4. BOLSAS
As bolsas são anuais, no montante máximo de 3 000 €, podendo ser renovadas duas vezes.

 

5. CANDIDATURAS
Os candidatos não poderão ter mais de 30 anos à data da primeira atribuição da bolsa, e não podem acumular bolsas de quaisquer outras instituições portuguesas em relação ao mesmo projecto apresentado. É condição de admissibilidade a concurso a anterior apresentação pública de pelo menos uma obra na área da candidatura. A selecção dos candidatos far-se-á em duas fases: 

  • 1ª FASE - Envio de "curriculum vitae" e de projecto com indicação clara da obra que teve divulgação pública e onde conste o endereço e telefone, para apreciação pela Comissão Especializada.

    O projecto original acompanhado de quatro cópias e de fotocópia do B.I. do autor deverá ser entregue no Centro Nacional de Cultura, Rua António Maria Cardoso, 68, Lisboa, entre as 10 e as 19 horas de 2ª a 6ª feira, ou enviado por correio registado. Cada candidato poderá apresentar apenas um projecto. 

     
  • 2ª FASE - Entrevista dos finalistas pela Comissão Geral.

    O Instituto Português da Juventude e o Centro Nacional de Cultura ficam com o direito de utilizar os trabalhos entregues para exposições, exibições públicas ou publicação, total ou parcial, sem prejuízo dos direitos morais de autoria.
    Os projectos não seleccionados deverão ser levantados até 30 de Setembro de 2009 responsabilizando-se o Centro Nacional de Cultura pela devolução, até essa data, de um dos exemplares apresentados no acto de candidatura.

6. JÚRI
O júri será constituído pelas seguintes Comissões: 

• Uma Comissão Especializada para cada uma das quatro áreas, constituída por três elementos de reconhecida projecção na área contemplada, nomeadamente professores universitários e críticos, e por um representante do CNC (com voto de qualidade em caso de empate). Cabe à comissão de cada área seleccionar, com base no curriculum e no projecto, até um máximo de três candidatos (entre novos e renovações) para ser presente à Comissão Geral.
Cada uma das Comissões Especializadas terá um representante junto da Comissão Geral (sem direito a voto), o qual será também responsável pelo acompanhamento dos relatórios trimestrais dos bolseiros.

• Uma Comissão Geral constituída por representantes de órgãos de comunicação, um representante do Instituto Português da Juventude, e um representante do Centro Nacional de Cultura. Caberá a esta Comissão a escolha dos bolseiros de entre os finalistas propostos pelos júris especializados.
Esta selecção final será feita com base numa apresentação dos projectos pelo representante de cada júri especializado e numa entrevista aos candidatos, a qual só em casos excepcionais e devidamente justificados (como ausência no estrangeiro) poderá ser dispensada e desde que o júri concorde. Da decisão do júri, que deverá ser fundamentada e constar da acta assinada por todos os seus membros, não haverá lugar a reclamação ou recurso. Todos os casos omissos neste regulamento serão apreciados e decididos pelo Júri.

 

7. ACOMPANHAMENTO DOS TRABALHOS
Os bolseiros seleccionados deverão apresentar ao Centro Nacional de Cultura, nas datas estipuladas na rubrica CALENDÁRIO, dois relatórios com o ponto da situação do projecto que se encontram a desenvolver, acompanhado de documentação comprovativa. O segundo relatório deverá ser um balanço exaustivo a posteriori  do trabalho efectuado.
As candidaturas para renovação das bolsas, deverão ser apresentadas juntamente com o segundo e último relatório referido no ponto anterior.
O CNC poderá, quando entender justificado, apoiar a apresentação pública de trabalhos dos bolseiros. Os bolseiros, por seu lado, poderão colaborar com o CNC e o Instituto Português da Juventude em trabalhos de interesse comum.
Os bolseiros comprometem-se a entregar ao CNC um exemplar dos trabalhos finais, quando existirem. Qualquer alteração aos prazos estabelecidos para entrega dos relatórios deve ser autorizado pelo CNC. Qualquer prestação devida perde a validade se a concretização da acção a que se refere exceder em 4 meses o prazo inicialmente previsto.
Se o CNC não receber da entidade patrocinadora as verbas previstas até ao início da fase de selecção, reserva-se o direito de suspender o programa mediante aviso imediato aos bolseiros.

 

8. CALENDÁRIO
Para a execução deste Programa prevê-se o seguinte calendário: 

  • anúncio público do programa de bolsas –  1 de Junho de 2009
  • envio de projecto e curriculum vitae – até 10 de Julho de 2009
  • anúncio público dos bolseiros seleccionados – até 20 de Setembro de 2009
  • pagamento da 1ª prestação aos bolseiros – 30 de Setembro de 2009
  • entrega do 1º relatório pelos bolseiros ao CNC – até 15 de Outubro de 2009
  • pagamento da 2ª prestação aos bolseiros –  30 de Outubro de 2009
  • entrega do relatório final ao CNC – até 30 de Novembro de 2009
  • pagamento da última prestação aos bolseiros – 31 de Dezembro de 2009

Informações e Candidaturas:
CENTRO NACIONAL DE CULTURA
Rua António Maria Cardoso, 68
1249-101 LISBOA
Tel: 213 466 722 Fax: 213 428 250
E-mail: alexandra.prista@cnc.pt | Site: www.cnc.pt