António Ramos Rosa
Às vezes não é clara
A leitura da realidade.
Escapa-nos o poema
Que ficou na fila
Do ninguém sabe.
No entretanto
Também se escrevem
Magros sucedâneos
Atordoados.
Mas não basta dizer um sentir
Com um outro nome:
Há que registar se o excesso não foi nosso.
Há que registar o que leram certas lentes
De quem olhou para o mundo e seu revés.
Às vezes, um homem consegue ser a palavra
Entre a terra e a terra
E abrir uma porta.
TERESA VIEIRA
Lisboa, 1 de Outubro 2007