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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CENTENÁRIO DE CHARLES DICKENS

«Charles Dickens (1812-1870) é para muitos o símbolo da literatura. Tantos de nós começámos por ele, mesmo que não tenha sido o primeiro autor que lemos. Foi, porém, certamente, o primeiro escritor que não nos pôde deixar indiferentes. Deste modo, foi com Dickens que nos confrontámos com a narrativa como relato da vida, difícil e incerta. Nenhum de nós deixou de se identificar com Oliver Twist perante a provação e as injustiças. Com ele pedimos mais, roídos pela fome. E não é possível esquecer David Copperfield, Mr. Scrooge, Nicholas Nickleby ou Pickwick . Nesses exemplos temos um retrato rigoroso da sociedade industrial que dava os primeiros passos. Muitas vezes com traços autobiográficos, sempre beneficiando de uma leitura atenta da realidade urbana que avançava, substituindo a sociedade rural, a obra de Dickens é dramática e irónica, trágica e crítica, triste e bem humorada, como a vida. Estamos diante de um caso singularíssimo, em que a popularidade do escritor sobreviveu à sua morte. Por um lado, contribuiu decisivamente para alterar o estado de coisas do seu tempo no sentido de uma justiça reformista – designadamente perante a terrível lei dos pobres -; por outro lado, pôde transmitir-nos um retrato fiel do género humano, para além das circunstâncias e num contexto de «tempos difíceis». O realizador João Botelho salientou, e bem, que a obra do escritor é muito atual, uma vez que o egoísmo, a avidez do capital financeiro, a tentação imediatista agravaram-se nos tempos de hoje. Neste ano do duplo centenário, importa não só reler Dickens, mas também aprofundar a relação entre a literatura e a construção da justiça. Como se vê bem com David Copperfield, o autor não é neutro, por isso quis contribuir ativamente para que o leitor não ficasse indiferente. Eis por que razão estamos a celebrar a literatura, a cultura, a arte, a verdade e a justiça!».

 

Guilherme d'Oliveira Martins

UM POETA DA PINTURA


 

Nasceu em Barcelona o pintor Antoni Tàpies. Na Régua vi alguns dos seus quadros numa exposição orgulhosa e na qual se falava da admiração de DalÍ pela pintura deste grande artista que agora nos deixou.

 

Todos afirmam que a filosofia de Sartre e a sua interpretação do surrealismo marcou para sempre a sua mão na tela.

 

As novas técnicas de colagem utilizadas nos seus quadros ou a sua projecção no trabalho com o bronze deram-lhe lugar cativo nas artes e nas principais galerias do mundo.

 

A sua capacidade para defender a liberdade, faz-nos pensar o quanto o homem sempre pode recomeçar o homem.

 

Inúmeros prémios recebeu Tàpies como se o destino se cumprisse sempre em reconhecimento: contudo o seu perfil nunca se abandonou aos limites do que é interpretado. 

 

Quando um poeta da pintura parte é como se um adeus em cor fosse catálogo de sonho que refloresce no ar: e nós aqui na precaução das linhas que recomeçam dias, tantas vezes incompletos ou colaborantes com as ausências.

 

 

Recordo que o António Alçada me disse um dia: sobre este magnífico pintor deve-se escrever pouco. Soltá-lo como se faz aos poemas bastará.

 

 


M. Teresa Bracinha Vieira

 

7.02.12

 

Sec.XXI