HERMAN HESSE
"Entre os seres humanos, mesmo se intimamente unidos, permanece sempre aberto um abismo que apenas o amor pode superar, e mesmo assim somente como uma passagem de emergência."
Herman Hesse é, nomeadamente, a par de Thomas Mann, o escritor mais lido em língua alemã.
Em 1923 este escritor alemão naturalizou-se suíço, tendo vivido em Tesino os últimos quarenta anos da sua vida. De 1960 a 1970 os movimentos pacifistas ajudam a encurtar a distância com que os helvéticos interpretavam Hermann Hesse na qualidade de escritor alemão.
Em 1946 o prémio Goeth toca-lhe apenas distanciado uns meses do Nobel da Literatura que igualmente lhe foi atribuído.
Hesse também se apaixona pela pintura que fixou a Suíça nas suas imensas aquarelas. Anteriormente uma viagem à India marca definitivamente a sua espiritualidade já distante daquela que quase o fizera pastor, como indicara o seu percurso seminarista. A partir da sua própria revolta pessoal, procura então criar a sua própria filosofia, tendo-se já afastado definitivamente da família e criticado activamente o militarismo.
A poesia foi percurso muito grato também a Hermann Hesse entendendo-a como forma de chegar ao núcleo da própria natureza das realidades e propõe
A cada chamada da vida o coração
deve estar pronto para a despedida (…).
Dentro de cada começar mora um encanto
que nos dá forças e nos ajuda a viver.
E alerta-nos para as várias proximidades e formas de adeus
O apelo da Vida nunca tem fim...
Vamos, Coração, despede-te e cura-te!
Creio que ao reler Knulp, romance lido numa edição da Difel, encontrei a transição de um homem para a sua vida adulta, sempre em busca do amor e da própria existência, interpretando o passado até chegar ao que podia ter sido de si mesmo num prenúncio diferente.
Na longa caminhada de Karl Eberhard Knulp julgo ter entendido a razão da frase de Hesse
“Ama-me quando eu menos o merecer, porque será nessa altura que mais necessitarei".
Assim também um sentido de vida, um regresso à terra natal, leva Knulp à fragilidade de a si próprio se oferecer abrigo; de afinal preocupar-se para que cada um percorra o seu caminho, e que as certezas residam nas não demasiadas promessas.
Teresa Vieira