LONDON LETTERS
The Magna Carta, 1215
O Dr Johnson define-a no seu Dictionary como "the state of being civilized." A tradição da civilidade tanto formata a public square com o ‘doing the right thing’ dos decisores e o ‘talking and debating proper’ das perspetivas rivais, como denota pessoalíssimas filosofias sobre judgement, conscience ou honour. – A chacun son goût, n’est-ce pas? São tais social markers que hoje permitem juízos diversos quanto o elogio transversal da esquerda à direita ao red historian Eric Hobsbawm (1917-2012), a censura comum a Rt Hon Andrew Mitchell MP pela deselegância de chamar “plebs” a polícias guardando Downing Street ou ainda o espanto generalizado face à patinagem artística de Mr David Cameron quando quizzed em TV talk-show acerca da carta fundacional selada em Runnymede in Surrey pelo Bad King John. – Oops! Assim se delimita aquilo que Dante designa de humana civilitas e que por aqui possui raízes formais na Magna Carta, a qual, em 1215, numa era de ira et malevolentia, naquela ilha do Thames junto ao Windsor Castle, abre alas à livre participação das forças sociais e estabelece o princípio de ninguém, mesmo o monarca, estar acima da lei, enquanto condiciona a tributação fiscal à representação política.
Se o Prime Minister resolve encantadoramente a situação ao agendar extra hours junto com os homeworks dos filhos e o conservative chief whip antes entra em espiral de comentários e desmentidos com o Met Police Service, são atitudes criticamente avaliadas à luz da britânica sensibilidade às manners and linguistic responsabilities das figuras públicas. Também o bad political behaviour e a fome de tributos do King John (c. 1167-1216) encontram limites de poder quer na rebelião dos barões e captura de London, quer nas merry adventures de Robin Hood (Robehods ou Robynhods), para não aprofundar a excomunhão que lhe é desferida pelo Archbishop of Canterbury ou os traços com que William Shakespeare o vilifica para a posteridade.
De recordar, sim, a tutti quanti, é a tese fundamental da Magna Carta: “No free man shall be arrested, or imprisoned, or deprived of his property, or outlawed, or exiled or in any way destroyed, nor shall we go against him or send against him, unless by legal judgement of his peers, or by the law of the land. To no one will we sell, to no one deny or delay right or justice.” Pilar do Westminster Gove, base constitucional dos United States of America e trave-mestra na arquitetura política das modernas democracias liberais, esta é a pedra doutrinal que inspira a longa marcha dos direitos universais e formata as liberdades individuais sob o império da lei. Not by accident, a bandeira cartista é ciclicamente hasteada para recordar o poder dos supostos sem-poder.
O Premier buscava elevar os ratings de popularidade ao apresentar-se no ‘David Letterman Show.’ Obteve um resultado inesperado. A Magna Carta prova também uma influência maior que a intenção original. George Garnett, medievalista na University of Oxford, nota que "[i]t was designed to be a quick fix in an impossible and unprecedented set of circumstances." Ora, as unintended consequences são um adquirido institucional desde o exame tributário do Dr John Locke. Mas hoje, no dia do passamento de a truly great historian, nascido em Alexandria no ano da Revolução Russa e chegado a London aquando da chegada ao poder do Nazismo, talvez identicamente importante seja aqueloutra observação: as consequências têm ideias na génese. – Farewell, Dr Hobsbawn.
St James, 2nd October
Very sincerely yours,
V.