Jean Racine
Na vara de uma questão, Jean Racine, o grande dramaturgo francês, e no prefácio a Berenice: « faire quelque chose à partir de rien » ou criar no espectador «cette tristesse majestueuse qui fait tout le plaisir de la tragédie».
Tito, em nome do amor que o unia a Berenice, não podia pôr em perigo a sua missão à frente dos destinos de Roma. A tragédia nasce do afrontamento de imperativos inconciliáveis. As duas personagens enfrentam os seus destinos, mas Tito e Berenice aceitam a separação sem refúgio na morte. Ela volta para a Palestina e quão facilmente o amor acredita em tudo o que deseja, como escreveria Racine.
Aqui deixo esta taça rasa de palavras da tragédia “Berenice” ao equilíbrio da vara do Acto III, Cena I: Tito, Antíoco, Arsácio
Tito
Príncipe, ireis partir? Mas que razões instantes
vos apressam a ida, ou fuga direi antes?
Pois me íeis ocultar o vosso adeus até?
(…) Pensais que só de longe um ror de amigos fito
como gente a ignorar, de quem não necessito?
Indo a fugir vós mesmo a minha vista pois,
mais que nunca, Senhor, preciso ora me sois.
Teresa Vieira
- Um pássaro pela mão de Vasco Graça Moura no belíssimo prólogo do tradutor na edição 2005 da Bertrand Editora
- Racine, em 1677 abandona o teatro e foi nomeado historiógrafo de Luís XIV e, viria a pedido de Mme. de Maintenon, a escrever duas tragédias bíblicas. E ainda que permanecendo mordaz, bem reconhece o quanto a dor que se cala é de todas a mais funesta ou
Um pouco bêbada de ar, pergunto? Ou uma verdadeira verdade assustada? Eu não sei.
É muita escuridão diurna aquela que cala o que só a água arqueia.
Dieux cruels ! De mês pleurs vous ne vous rirez plus.