LONDON LETTERS
The battle of the Atlantic, 1939-45
Liverpool, London e Derry-Londonderry acolhem por estas semanas as celebrações do 70.º aniversário da batalha do Atlântico. Uma suave visão estratégica sobre o seapower na World War II indica-o como variável crítica no desfecho do duelo civilizacional ocorrido no globo entre 1939 e 45. É até a vitória no oceano multidimensional a ditar a primazia das democracias face à ameaça do totalitarismo. ‒ Rappelez-vous Monsieur Churchill en référençant un traité 1373 entre le Portugal et la Grande-Bretagne! Esta é a mais longa e difusa campanha militar de toda a guerra, onde pontua a Operation Alacrity curto-circuitando a neutralidade do governo de Lisbon. – Well, the Allies protect their convoys in the black hole of the Azores Gap! As operações envolvem algo como mil comboios marítimos, alvo para ataques dos famosos U-boats lançados por Herr Adolph Hitler sob the wolf pack tactic: descoberto um barco com a Jack flag, uma rádio-mensagem divulga a localização e inicia-se a sua caça. Afundam cerca de 5,000 navios. Mais de 30 mil britânicos perdem a vida entre o pessoal da marinha mercante, cujas escoltas destroem 757 submarinos alemães.
"The Battle of the Atlantic was the only thing that ever frightened me". Com esta declaração condensa Mr Winston Churchill a sensibilidade da guerrilha naval em torno das ilhas. O então First Lord of Admiralty, e próximo Prime Minister, concebe o convoy system para proteger as rotas comerciais logo no início das hostilidades, no Outono de 1939. O passo é premonitório do pesadelo que se segue. Com a queda de Paris na Primavera, apenas os britânicos impedem o pleno controlo nazi da Western Europe. Fracassado o blitz e a invasão terrestre, Herr Hitler reedita o bloqueio continental napoleónico. A sobrevivência da Great Britain depende agora, em boa medida, dos abastecimentos externos de tropas, armas, alimentos e medicamentos, para dizer o essencial que vem do Canada e dos USA. Os recontros no Atlântico são mortíferos.
A luta entre os U-boats dominantes na Bay of Biscay e os Corvettes ou os Frigates sedeados em Liverpool acaba, porém, definida por obscuros criptoanalistas reunidos na Station X de Bletchley Park, no Buckinghamshire. Num telegrama enviado ao US President Franklin Roosevelt em June 1945, o Premier assinala que “it has been a long and relentless struggle; a struggle demanding not only the utmost courage, daring and endurance, but also the highest scientific and technical skill”. Assim reconhece Downing Street o magnífico trabalho de cientistas como Mr Alan Turing, para descodificar a Enigma machine e rastrear as comunicações dos lobos solitários nazis.
O regresso nestes dias do terror às ruas de London prova a importância dos limites democráticos. Uma tragédia em South East London revelou dois heróis acidentais: um, o soldado Lee Rigby, 25, morto a golpes sem defesa ou razão, em nome de um Deus insondado por quem o assalta; outra, Ingrid Loyau-Kennett, 47, a passar de autocarro no local, tomando-o como um acidente a carecer de auxílio e cujo olhar confronta um dos homicidas. O diálogo então travado pela senhora ilumina quanto baste: o assassino ensanguentado e armado diz-lhe querer ali iniciar uma guerra. No mês dos 50 anos de Eichmann in Jerusalem: A report on the banality of evil, livro de Hannah Arendt sobre os monstros gerados pelos extremismos, da suástica ou crescente, saúde-se a humanidade em Woolwich. ‒ Humm! Murder is not banal! Likewise bureaucratic cruelty.
St James, 28th May
Very sincerely yours,
V.