Nicholas Sparks
"I finally understood what true love meant… love meant that you care for another person’s happiness more than your own, no matter how painful the choices you face might be." Nicholas Sparks
Licenciado em economia e projectando tornar-se um atleta de alta competição, começou a escrever enquanto trabalhava como delegado de informação médica.
De 1998 “ As palavras que nunca te direi”, de 2011 “Dei-te o melhor de mim” , de 2002 “ O Sorriso das Estrelas”, eis algumas obras que deram consagração internacional a Sparks.
Adrienne, mulher corajosa, vai tomar conta da estalagem de uma amiga durante o período de ausência desta, e nesta estalagem, num dia de grande tempestade recebe Paul, único hóspede desse fim-de-semana. Surge então um amor que lhe demonstra que é possuidora de uma força que nunca julgara, nem mesmo quando se sentira uma mulher de coragem
Ter sido trocada por uma mulher mais jovem, deu-lhe a garra com a qual não queria sequer tentar compreender o ex-marido e, inexplicavelmente, passou a pertencer-se por inteiro, mas numa espécie de peças arrumadas com as quais criaria os filhos. Agora era diferente. Agora era o registo que se voltava a dar a si própria, permitindo que este amor lhe enchesse o ar.
Neste sábado, o livro “ O Sorriso das Estrelas” disse também do quanto o desejo de voltar a amar é tão imprevisível como a força necessária para se entender, o quanto a morte, que leva o nosso amor, nos arrasta numa outra morte em que parte de nós se morre.
Um dia alguém é, e continuará sempre a significar tudo para nós: mais, nunca deixaremos de assim pensar e sentir. Varrem-se os anos da nossa memória antes do amor que agora se acede, como se não fossem mais do que pisadas na areia que a espuma das águas brandamente elimina com o nosso consentimento.
Mas eis que começa uma outra longa viagem que virá a ser, em parte, de recordações tão reais como as das lágrimas que escorrem quando o mar chora por tão brava chuva lhe bater.
Afinal o passaporte que Paul lhe entregara, era muito um extenso carimbo de carta para um dia, não para aquele em que recebera o passaporte. Seria afinal para os tempos em que incapaz de se deixarem, passariam a velhice juntos. Ou ainda para outro: aquele em que a morte os separaria.
Um dia uma dor recorda a Adrienne responsabilidades contraídas para com terceiros: crueldade inaudita, ou não pensasse que era a única em Paul.
O cheiro dele ainda se mantinha. O cheiro da loção que ele usava também ainda ali estava. E na estalagem, os ecos dos soluços de uma mulher que, para além de chorar, nada mais podia fazer.
Paul era médico, mas nunca lhe dera receita que ela pudesse aviar no desconhecido que a aguardava e que agora vivia. A idade, vinha a passos largos, e receava acreditar nos mesmos pontos de futuro que confundem os idosos como parte afinal do seu passado.
O seu passado não fora apenas jardim; o passado incluía também uma boa dose de desgostos. Contudo, agora sentia-se uma sobrevivente a Paul, e tentava concentrar-se nas coisas que lhe davam prazer. Se as suas conjecturas do que via e ouvia andassem perto da verdade, deixava-se sentir satisfeita. Também lhe acontecia pensar que queria partir deste mundo pois que a vida já lhe dera tudo a viver, e para ela a vida era aquilo que tinha vivido, e da qual, já farta, se despediria sem recuo.
Digo: encontrei neste livro um arguto calendário, esse mesmo que a cada manhã recordava a Adrienne que se tratava de mais um dia sem que Paul estivesse a seu lado. Um calendário que a acompanhava no passeio pelas praias, nas quais, cheia de bom senso, sorria apenas quando as ondas não lhe contavam o que ela a ninguém tinha revelado. Afinal só a ela mesma se abrira e sempre em dias de bruma, não fosse compreender que de si, não gostava tanto quanto julgava.
Pela madrugada, uma clareza despertava-a constantemente do sono leve que dormia, e ouvia-a muito ao longe e muito nitida
The truth only means something when it’s hard to admit.
Teresa Vieira