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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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ALMADA - COMEMORAÇÕES E RECORDAÇÕES PESSOAIS

 

Em 1993, o Centro Nacional de Cultura assinalou os 100 anos do nascimento de Almada Negreiros com um conjunto de iniciativas culturais, de que ficou a memória de quem os viveu e a documentação consagrada num volumoso conjunto de estudos editados pelo próprio CNC (“Pacheko, Almada e “Contemporânea”» ed. CNC e Bertrand Ed.). A abrir, Helena Vaz da Siva, ao tempo Presidente do Centro, assinala a efeméride: “Nas paredes do CNC - que desde o início dos anos 50 se instalou na António Maria Cardoso - ressoa ainda a diatribe de Almada sobre o valor da Arte. No CNC, Fernando Amado montou as primeiras peças da Casa da Comédia com figurinos de Almada. Ao CNC foi entregue (…) o espólio de José Pacheco, que inclui cartas de Almada com quem manteve intima e longa relação”.

 

E acrescente-se que, na edição, é reproduzido o belíssimo retrato de José Pacheco da autoria de Almada, que domina uma sala de reuniões do CNC.

 

Vinte anos passados, o CNC está envolvido e empenhado, como aqui temos referido, nas vastas e diversificadas comemorações dos 120 anos da morte de Almada. A partir desta mesma semana, terão lugar dois eventos em que participarei e de que darei noticia - o Passeio no Chiado e o Jornal Falado, ambos sobre Almada. E é oportuno então novamente citar textos do catálogo da exposição almadiana que teve lugar na BNP, intitulada precisamente “Almada por Contar” (ed. BNP e Babel).

 

E logo de início, um estrato do texto assinado pela “Família Almada Negreiros”, Maria José, Rita e Catarina, que estão na origem e na dinâmica destas comemorações: 
“Tropeçar em Almada não é difícil. Acontece a todos os que entraram alguma vez na Aula Magna ou pelos pórticos repletos de desenhos de pensadores, legisladores, escritores e poetas das Faculdades de Direito e de Letras da Universidade de Lisboa. Acontece aos que desembarcam ou visitam as Gares Marítimas de Alcântara ou da Rocha do Conde de Óbidos; aos que olham os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima; aos que entram na Fundação Calouste Gulbenkian e olham o painel “Começar”; aos que visitam livrarias e, há gerações, dão de caras com coleções de manifestos, conferências, poemas, peças de teatro, textos e mais textos sempre escritos por um senhor de olhos grandes que assina Almada com uma comprida e elegante haste no “d”…

 

Pessoalmente, a colaboração que nesta área tenho prestado e vou prestar nas programações do CNC, inscrevem-se numa amizade familiar que vem dos anos 17 - 20; vem dos bailados (“O Bailado do Encantamento”, “O Jardim da Pierrette”, “A Princesa dos Sapatos de Ferro”), das publicações e jornais juvenis (“Parva” e “Paradoxo”) e do Clube das 4 Cores: tudo isto envolveu a minha mãe, a irmã, primas e amigas; e tudo isto fez parte da minha educação e do meu convívio familiar juntamente com a amizade com Almada Negreiros e com a família Almada.

 

E recordo ainda a execução dos frescos da Faculdade de Direito, a que assisti diretamente como aluno do primeiro ano, e muito conversei com Almada, amigo de família e grande artista. Como, a seguir, os primeiros escritos que fiz sobre o seu teatro a partir designadamente da estreia na Casa da Comédia do “Deseja-se Mulher”, e do convívio também familiar e cultural e de aluno com o Fernando Amado, como tenho aqui escrito…

 

DUARTE IVO CRUZ