Fernando Pessoa
SIM, POR FIM
Sim, por fim certa calma…
Certa sciencia antiga, sentida
Na substancia da vida,
De que não há acabar da alma,
Qualquer que seja a estrada que é seguida…
Fiel visão?
Crença de muitos? Não…
Que o que sinto tem differença.
É uma vida, não uma crença…
Não é pelle: é o coração.
Levantei-me ao ler estas palavras. Fui com elas dentro das mãos atrás do jardim da casa. Cultivei-as num vaso, enquanto lhes repetia que eram versos que à terra entregava. Abusaria delas, sem dúvida, e nada as perturbaria na sua imensa suficiência. Eu sabia. Como sabia que uivariam à lua sempre que um navio se aproximasse. Sempre que uma notável pertinência as interrogasse.
Teresa Vieira
28 de Novembro-2013