LONDON LETTERS
The echoes of war, 1943
A proposta vem no último Chartwell Bulletin e é de abraçar como um gentil sol que nos visite. A folha informativa do The Churchill Centre recorda John Steinbeck, um dos grandes clássicos da literatura sobre a guerra e também páginas bem humoradas sobre quanto esta pode engendrar nas comunidades de afetos e no mais fundo do comportamento humano. — Quand l’honneur nous unit! O título anda hoje talvez esquecido. Once there was a war é a coletânea de despachos do novelista para o New York Herald Tribune durante a sua cobertura jornalística da II World War na Europe. O resultado é um esplêndido hino à coragem moral. — Good blood cannot lie! O retrato dos londoners sob o pesado bombardeamento hitleriano fica esculpido em “theater party”, com palavras rápidas sobre novo ataque mortífero, o caos inicial, a chegada dos defense squads e a rumagem da criançada que sobrevive para a sala do médico mais próximo. Se the game goes on na 2014 London, naqueles dias inteiros seleciona-se a vida. Sir Winston prepara até bem sucedida operation mincemeat.
O norte-americano atravessa o Atlântico num navio de tropas e no ano de 1943 está em Britain, já depois da intervenção do UK Prime Minister no United States Congress a marcar o seu envolvimento no conflito e em vésperas da Cairo Conference — a "Sextant" que o reúne com o President Franklin D. Roosevelt e o Chairman of China Chiang Kai-shek. Aqui passa o Verão, às notas oceânicas sobre o perigo latente dos U-boats somando o som sibilante das bombas que fulminam casas e catedrais ou destroem Aberdeen. O sangfroid britânico tinge-lhe os escritos. Segue depois as tropas do General Sir Bernard Montgomery para as linhas de uma Italy ocupada pelas tropas nazis e distraída com a tomada de Tripoli. A rebelião interna e a resignação de Signor Benito Mussolini só se saberão nos primeiros dias de September. Em London, entre as tabuletas shower ou windy do tempo à superfície, em pleno War Cabinet Room, Mr Churchill planeia o desembarque europeu. The Man Who Never Was é o codename que persuade o estado-maior inimigo de um ataque iminente através da Greece. Os Allies entram a 10 July em Sicily, com as divisões do Lieutenant General George S. Patton a marcarem o terreno no avanço para Berlin.
O autor de The Grapes of Wrath (1939), a quem chamam a consciência da América pelo dedo apontado a quantos perdem the heart durante a long recession, conta a experiência na linha da frente, na war zone, sem outra preparação para a mortandade senão registos patrióticos. Testa finalmente as palavras ao negro, face a sangue e balas. A atenção recai sobre variedade de detalhes que proporcionam o regresso a um tempo do mundo que importa recordar: dos rumores entre os militares durante a travessia marítima ao quotidiano numa base aérea de B-17 ou ainda à tensão vivida nas missões de desminagem. Steinbeck sempre fala de pessoas, sobretudo do seu state of mind. O foco é tudo. Assim se distancia do imaginário bélico que ocupa a demais imprensa e mesmo um paralelo, e também laureado, Ernest Hemingway quando narra a sonância da furiosa batalha.
A singularidade steinbeckeana percorre vasta obra, entre Cup of Gold (1929) a The Winter of Our Discontent (1961) ou a incontornável reflexão sobre o terror e utopia dos revolucionários em The short reign of Pipin IV (1957). Com múltiplos protagonistas a disputarem hoje em Westminster o prémio de qual o melhor rubber man, das notas sobre a IIWW recordo perguntas ocasionais em torno da morale dos soldados. — “Are fortunes being made while these men get $50 a month? Will they go home to a country destroyed by greed? If anyone could assure them that these things are not true, or that, being true, they will not be permitted, then we would have a singing Army. This Army can defeat the enemy. There is no doubt about that.”
St James, 15th January
Very sincerely yours,
V