Antonio Gamoneda
Prendemo-nos por raízes a seres que connosco se cruzam na vida
afirma Luni olhando-o no fundo dos olhos
e bem sei o quanto a prisão persiste mesmo quando nos afastamos deles. Não sei dizer-te se se nos criam fantasias ou se são eles que em nós se perseguem. Ficam-nos com as ilhas, visitam-nos os pensamentos mesmo quando estes brincam largados do leme.
E também sei que para a tua liberdade bastam as minhas asas
lo que estaba dormido sobre tu alma y para que no estuvieras triste. Que dolor tu tristeza my dulce amor! Triste ternura mia, qué te haces de repente?
Dou-te, dou-te a mão a ti que me chegas ao barco pela água e assente numa flor que me faz não te ter parecido com ninguém.
Gamoneda, distância minha, teu processo de velejar?
Guárdate de quien se alimenta con el perfume del suicídio, guárdate de mí porque la negación ha tocado mi cuerpo.Tu alma está fatigada: pero hablas a dioses extinguidos. Não há semelhança em ti…
e a pureza é a tua enfermidade.
Ah !, por nenhum sítio me escutes, o meu amor por ti recresce, meu risco de humana vida, meu oculto vir à vida sem ser livre. O que fica para além está para surgir
e já não tenho tempo.
Tudo cessa e tudo volta em relações que ligam mães e filhos que se amam na violência de donos e escravos. Enfim que me não ouças, pois parece-me que te falo que os dias são sempre de grandes traições.
Yo vi la luz de la inutilidad.Que hora es esta?
Viagem, Antonio é ainda a hora da viagem; falo daquela que nos resta e na qual talvez acreditar seja um apaziguar da vida verdadeira.
Mas inclemente, algo proibido em mim é mar de novo, é périplo do beijo-bússula
natureza na hora da partida
quando só teus braços me acolhem num quando em vez
fruto foste
milagre sem naufrágio até eu sentir…
Teresa Vieira
Janeiro 2014
Sec.XXI