Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

AGOSTINHO DA SILVA

 

Filósofo, ensaísta e poeta português, sempre o seu pensamento o fez afirmar que a liberdade consiste na mais importante qualidade do ser humano.

Através da sua obra e da sua vida deu sempre provas do empenho na mudança da sociedade.

Escutei-o com muita atenção. Li-o e continuarei a ler com espírito de aluna. De Agostinho da Silva recordo bem uma lição sobre o Professor como Mestre.

Para ele, ser diferente, escolher a felicidade e as liberdades essenciais, fariam sempre de cada um, legítimo transmissor de testemunhos, legítimo Professor enquanto Mestre.

Para Agostinho da Silva as liberdades essenciais serão sempre três:

Liberdade de cultura, liberdade de organização social, liberdade económica. Pela liberdade de cultura, o homem poderá desenvolver ao máximo o seu espírito critico e criador; ninguém lhe fechará nenhum domínio, ninguém impedirá que transmita aos outros o que tiver aprendido ou pensado. Pela liberdade de organização social o homem intervém no arranjo da sua vida em sociedade (…) pela liberdade económica, o homem assegura o necessário para que o seu espírito se liberte de preocupações materiais e possa dedicar-se ao que existe de mais belo e de mais amplo.

Agostinho da Silva, in “Textos e Ensaios Filosóficos”.

Agostinho da Silva é considerado dos mais paradoxais pensadores portugueses. O século XX nem sempre o entendeu com a clareza dos seus pensamentos:

O que eu quero é que a filosofia que haja por estes lados arranque do povo português, faça que o povo português tenha confiança em si mesmo», entendendo por «povo português» não apenas os portugueses de Portugal, mas também os do Brasil, laçados de índios e negros, os portugueses de África, tribais e pretos, como também os da Índia, de Macau e de Timor.

Gostava de dizer que esta filosofia não partia de ciências exactas – referindo-se a Descartes – mas de uma fé, como em Espinosa.

“Ter a mesma origem que a palavra «coração»”

 Tudo dito e defendido com a tranquilidade de quem sabe, que, até hoje, ninguém desvendou os mistérios do mundo, e conhece por isso os limites das soluções positivas. Devendo todos nós ter presente que a nossa aproximação à liberdade terá sempre de passar pela solidão.

Aprender com a felicidade e com a dor a interpretar a vida será para ele uma obrigação de todos nós.

E não seria uma desobediência a Deus conservarem-se naquela inacção e, sobretudo, naquela desesperança?
Agostinho da Silva, in “ Moisés e outras páginas bíblicas

Quanta actualidade!

 

M. Teresa Bracinha Vieira