Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

NORBERTO BARROCA COM O GRUPO FERNANDO PESSOA NO BRASIL

 

Voltamos à fotografia do Grupo Fernando Pessoa no Brasil. E vemos, na última fila o ator e então futuro arquiteto Norberto Barroca.

Recorde-se qua a tournée brasileira efetuou-se em 1962. Mas a integração de Norberto Barroca no Grupo Fernando Pessoa vinha da fundação, cerca de 1960, e prossegue em ligação com o CNC e a Casa da Comédia, como aqui temos dito.

Barroca licencia-se em arquitetura no final dos anos 60 e reparte a sua atividade entre as duas expressões profissionais e artísticas, que aliás tanto têm a ver entre si. Mas já em 1967 se tinha estreado precisamente na Casa da Comédia, como encenador, na adaptação das “Noites Brancas” de Dostoievski. E dois anos depois recebe o Prémio da Imprensa com “Fando e Lis a Caminho de Tar” de Fenando Arrabal, à época autor praticamente desconhecido entre nós – foi, segundo creio, a primeira peça levada à cena em Portugal.

Será interessante referir que Arrabal é um dramaturgo espanhol que escreveu em francês… Em qualquer caso, o historiador Jesus Maria Barrjón Muñoz diz que, “ com Fando e Liz, Arrabal aproxima-se da conceção do absurdo de Becket: os dois personagens, envoltos numa relação de amor e destruição, caminham para Tar, onde nunca chegarão, como tampouco nunca chega o tal Godot da obra de Becket” (in “Historia del Teatro Espanõl”, vol. II, 2003).

 E seja-me permitido referir que em Novembro de 1969, escrevi, a propósito deste espetáculo, que “ Tar é a terra prometida, a solução dos males, a clareza e a paz. Os personagens de Arrabal arrastam-se nas longas horas de um dia, mas voltam ao mesmo sítio. Tar é inacessível a quem não quer nem crê”. E também referi “a direção e encenação de Barroca, seu carater ritualístico, seu lirismo inocente mas terrível”… E salientei ainda Manuela de Freitas, também elemento do Grupo Fernando Pessoa, como iremos ver em próximo artigo.  

Norberto Barroca estudou teatro em Londres e seguiu para Moçambique, onde conciliou as duas áreas profissionais – teatro e arquitetura - tendo desenvolvido no teatro uma atividade em colaboração com Malangatana. De regresso, prossegue uma carreira profissional no teatro, em inúmeras companhias, alternando o experimentalismo teatral com o exercício das duas profissões e percorrendo assim diversos grupos e companhias, como o TNDMII e, durante cerca de 10 anos (1998-2009), o Teatro Experimental do Porto.

E será na Marinha Grande que Norberto Barroca desenvolverá uma faceta original da sua carreira, criando peças e espetáculos de expressão nacional/local – designadamente “O 18 de Janeiro de 1934 – Movimento Revolucionário dos Vidreiros”, mas também “Uma Obragem do Seculo XVIII” e “Marquês de Pombal – O Rei”.

 

Duarte Ivo Cruz