LONDON LETTERS
The flooding visit, 2014
A impunidade é um dos elementos fatais no estado das nações e boa-fé das elites. Pior que o crime, só mesmo o criminoso sem castigo. Se eventual abuso de poder em Westminster sempre desgosta por trair os cânones da representação política, igual ocorre quando em Whitehall usam da posição para obscurecer a violação das tábuas do dever. — Chérie, c'est dans le besoin qu'on reconnaît ses vrais amis. O caso revive negro episódio da House of Cards, de Michael Dobbs (Collins, 1989). The Secretary of State for the Home Department anuncia na House of Commons a abertura de dois inquéritos sobre alegações de pedofilia envolvendo políticos e de supressão oficial de provas. Rt Hon Theresa May responde assim a perturbantes revelações sobre a high places’ paedophile ring, que remontam aos anos 1980s. — A clear conscience laughs at false accusations! Um frio vento eslavo varre também Wimbledon. A sudoeste antes se abrem sorrisos. O Prince Charles of Wales está de visita humanitária a Somerset Levels, seis meses depois das cheias e da inaceitável slow response, para apurar dos trabalhos de recuperação e da moral das vítimas do “jolly disaster.” Com whisky, aliás, o maior porta-aviões alguma vez construído no United Kingdom recebe batismo em Scotland como HRM Queen Elisabeth.
Com nuvens a adensarem-se sobre os sete céus de Westminster, em sucessivas vagas de seríssimas alegações envolvendo living & dead senior politicians and child abuse, alguém upstairs persiste em solar, regular e intermitente chuveirinho nestes dias. Nos Wimbledon Tennis Championships, Mr Novak Djokovic e Ms Petra Kvitova arrecadam em glória os 2014 singles titles. A emoção escolta a perda da Golden Cup por Mr Andy Murray, sem que o sétimo Grand Slam do sérvio empalideça a aura de niceness do escocês. Da qualidade das partidas dizem os resultados. Os eslavos vencem em memoráveis, mas dramáticos sets: nos masculinos, contra Mr Roger Federer — 6-7 6-4 7-6 5-7 6-4; nos femininos, face a Ms Eugenie Bouchard, tudo mais linear — a 6-3 6-0 victory.
My Tommy’s war. Os registos oficiais de quantos serviram durante The Great War (1914-18) estão já disponíveis online para livre consulta. O projeto narra as histórias pessoais dos soldados, acompanhando 300.000 do berço familiar às temíveis trincheiras até aos cemitérios da Flandres. A iniciativa envolve militares e historiadores de primeira linha, convocados pela Commonwealth War Graves Commission “to ensure the millions who died in the conflict will not be forgotten." A prova histórica de utilidade pública no WWI Centenary surge quando regressam interrogações sobre a valia da liberal high education perante média de tuition fees que galga agora para as £27,000. Filme de Verão, pois, com interrogante visita ao coração da Harvard University: Ivory Tower (2014), de Andrew Rossi.
Com uma garrafa de Islay malt whisky (rather than the champagne) se abençoa o gigantesco new warship HRM Queen Elizabeth. A aposta britânica no poder marítimo conta com fatura de £6.2bn, 65,000 toneladas de apuradas tecnologias militares e uma inspiradora reminiscência real. — Lord Mountbatten told my father on becoming king that 'there's no more fitting preparation to be king than to be trained in the Royal Navy.
St James, 8th July
Very sincerely yours,
V