LONDON LETTERS
A Midsummer nightmare, 2014
Diabo, diabinho, diabrete; devil, elfin, goblin – three of a kind. Tal qual. Six-six-six, já está! Uma armadilha perfeita. O assalto é prepretado à luz do dia, em luzidio mercantino, à vista de todos e sem alguém travar estes artistas de viver à custa do alheio. Os meliantes sacaram-me a bolsa, com as notas, chaves de casa e tudo o mais! — Oh, mon Dieu de l’apathie! Dimensão divertida no evento é o montante monetário ser ridiculamente baixo para o aparato da tríade que a polícia diz a atuar há algum tempo nas redondezas. — Hmm! When the going gets tough, the tough get going. O regresso à pleasant land suaviza os cantos das emoções. Whitehall vive a smart season. O Scottish referendum entra no prime time televisivo com duelo entre Mr Alex Salmond/Nationalist e Mr Alistair Darling /Unionist a dar vantagem ao Better together e celebridades como Dame Judi Dench ou Sir David Attenborough a apelarem publicamente aos eleitores que votem não à independência a 2014 September 18. Também o anúncio da candidatura parlamentar do Mayor de London gera um tufão de expetativas quanto a uma provável candidatura de Mr Boris Johnson à liderança dos Tories na era pós David Cameron. De férias em Portugal, o Prime Minister fala com o US President Barack Obama sobre o perigo crescente na Ukraine, Syrya e Irak. Na dolce vita europeia, o motor económico germânico desacelera.
A stormy weather, hoje, com heavy rains e mesmo flash floods em Lincolnshire e até no Kent. O ar lavado espraia a perturbação da surtida no sad weekend. É garantido: os cleptocratas são indivíduos desagradáveis. Tudo já surge em sépia azulada. Rostos, gestos, os sorrisos brancos em volta, a shop talk, mas já as roupas se esbatem e a pergunta persiste: — Where did they come from? Revisitadas as circunstâncias, frame a frame, invoco os detectives of the house. Mrs Agatha Christie sugere a vinda da arguta Miss Jane Marple de St Mary Mead e o meu olhar desesperado de vítima do crime no mercado fá-la ainda apresentar a lustrosa e oval cabeça de Monsieur Hercule Poirot. — «Merely a suggestion.» Invocando expertise em gangs da high finance avança agora P.G., perdão… Sir Pelham Grenville Wodehouse, nenhum outro senão o mestre retratista de Mr Geoffrey Windlebird quando o great financier is about to meet his Waterloo. O ilustre autor de The episode of the financial Napoleon contrapõe maior valia nos serviços de Mr Horace Appleby, um competente mordomo que salva um banco insolvente — assaltando-o. O método é eficaz, assegura-me ele. — «Clean slate; tabula rasa chance!!!» O diálogo dos mestres diz tanto quanto omite. Apontam Cinquevalli e frutíferas operações com apaziguamento de irritados shareholders com a eventual dádiva de preference shares (interest guaranteed). Identificam inclusive o leque das estratégias de manipulação mediática: gradação, distração, informação irrelevante… create a mousetrap. Eleva-se a voz autorizada de Mrs Mary Roberts Rinehart — «Simply one of those mysterious crimes that keep our newspapers and private detective agencies happy and prosperous. The butler dit it».
A convenção do whodunit situa a malfeitoria em cenário adequado. Pela ressonância algures entre Messer Nicollò M. e Mister Edmund B. visiono o Mercantino delle Pulci, na Piazza dei Ciompi, coração de Firenze, paredes meias com a Loggia del Pesce e o casco histórico de Santa Croce. Sabeis do ambiente colorido. Velharias, fancaria, muitas antiqualhas falsificadas sem valor correspondente. O espírito feudal das elites naturais travestido de peculiar all in the family. Aqui todo o cuidado é pouco. Larapiam a comida, o prato, os talheres mais a mesa e ainda as cadeiras. Do meu dinheiro, nem rasto. Delete enter; start over. Quanto às tesouras para cortar tais unhas, o problema mesmo é how to catch a good butler in nowadays. Com o filme nas telas dos cineteatros em volta, pelo menos, o cartaz é apelativo. — Who done it? The butler did it. But when did the butler ever do it? I have never heard of the butler actually having done it. Was the butler framed?!
O captain! My captain! Mr Robins McLaurin Williams partiu hoje, atravessando o oceano da eternidade para entrar sob aplauso na Dead Poets Society (Peter Weir, 1989) Chegada a barcaça, bem longe do mundano tumulto, aqui poderá conversar sobre poetry and life com Mr. Walt Whitman. — RIP, dear Mr Williams.
St James, 12th August
Very sincerely yours,
V.