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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

TEMPO DE FÉRIAS…

LEMBRANÇA PERMANENTE DE HELENA!

 

LEMBRANÇA PERMANENTE DE HELENA!

 

Nestas memórias de Verão não poderíamos esquecer Helena Vaz da Silva. Mulher de cultura, jornalista, defensora entusiasta e pioneira da salvaguarda do património material e imaterial, ensinou-nos que a vida vivida, a curiosidade e a aventura são a melhor matéria-prima da criação cultural. Fez ontem doze anos que nos deixou. Mas está sempre presente, como bem sabemos.

E quando há dias anunciámos o Prémio Europeu que leva o seu nome atribuído a Orhan Pamuk, de Amesterdão, da Europa Nostra tivemos a melhor homenagem que poderíamos ter – quando todos afirmaram que o Prémio demonstra bem que a cultura da paz que Helena acerrimamente defendeu na UNESCO com Federico Mayor continua na ordem do dia!

 

CNC

OS MAIS ANTIGOS TEATROS DE LISBOA – IV


OS TEATROS-CINEMAS CONDES

 

OS TEATROS-CINEMAS CONDES – 1888/1951 – 1952/1996


Vimos em artigo anterior o que se passou com os sucessivos recintos de espetáculo que ocuparam, desde os finais do século XVIII, as áreas do antigo palácio do Conde de Ericeira, destruído no terramoto de 1755, e como, a partir concretamente de 1765, se inicia a atividade de espetáculos no edifício abarracado desde logo conhecido por Teatro da Rua dos Condes, na primeira “versão” que duraria até 1882.


No mesmo local é inaugurado em 1888 o novo Teatro da Rua dos Condes, do arquiteto Dias da Silva: com sucessivas alterações de estrutura e arquitetura interior, este novo Condes duraria até 1952, dando origem, depois de demolido mas exatamente no mesmo local, ao Cinema Condes, segundo projeto do arquiteto Raul Tojal: funcionaria como sala de espetáculo até 1996, adaptado que foi, a partir desse ano, o Hard Rock Café, mantendo a  traça arquitetónica exterior.


Entre o “velho” e o “novo” Condes, obviamente valorizado pela abertura da Avenida da Liberdade, funcionou um episódico Teatro Chalet. E o próprio Condes-novo sofreria sucessivas alterações. Sousa Bastos, que já citamos na última crónica, assinala que, “poucos anos depois (da inauguração) o teatro passou por grande transformação. Desapareceu o botequim, descendo a plateia ao nível da rua”. Mas acrescenta: “O teatro ficou um verdadeiro poço, sem comodidades algumas para o público e ainda menos para os artistas. Se era mau, ficou muito pior depois da obra”! (“Diccionário de Theatro Português”, 1908, pág. 359).


Entretanto, o mais relevante, no ponto de vista da atividade e expressão cultural, foi a adaptação a cinema, a partir de 1915. Passa a chamar-se Cinema em 1918. E recorda M. Felix Ribeiro que “até á abertura do Tivoli, em 1924, o Cinema Condes passou a ser, é de justiça anotá-lo, a mais bem frequentada sala de Lisboa, onde, como em outro género de casas de espetáculos, havia os seus habitués que, especialmente no que respeitava aos camarotes e ao balcão, mantinham semanalmente assinaturas dos seus lugares, reservados para esses ou outros dias” (in “Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa – 1896 – 1939” ed. Cinemateca Nacional 1978 págs. 123/124).


Mais tarde, Jorge Segurado apresentou um projeto de reforma arquitetónica, que não foi para diante. O que efetivamente se construiu, como já vimos acima, foi o novo cinema Condes, da autoria de Raul Tojal.


Margarida Acciaiuoli, num estudo recente sobre “Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno Urbano do século XX” (2012), desenvolve a referência e a análise arquitetónica e funcional desta nova sala”:

“A sua fachada moderna decorada com um enorme baixo-relevo de Aristides Vaz, indiciava as preocupações que se tinham posto no interior do recinto, expressas na confortável sala que se inaugurara em 1951, com capacidade para 1000 espectadores, na qual pontuavam as decorações de José Espinho e as pinturas de Fernando Santos” (pág. 207).


E a capa da edição que citamos ostenta uma fotografia do velho Cinema Condes dos anos 20, já assim denominado em insígnias luminosas, na vertical e na horizontal.


Muito embora: o Cinema Condes encerra em 1996 e dá lugar ao novo estabelecimento em 2003… Menos mal que mantem a fachada e certo ambiente!


DUARTE IVO CRUZ