LONDON LETTERS
The constitutional argument, 2014-15
Uma semana em política é muitíssimo tempo, usava dizer amiúde TRH James Harold Wilson. Temo que o antigo líder trabalhista (1916-95) estonteasse com a alta velocidade a que as agendas mediáticas se afastam do Scotland Independence referendum de September 18, 2014 a consulta que reuniu todos os ingredientes capazes de mover algo all to pray for. — Chérie, fait accompli! Os Scots votam pelo United Kingdom sob fórmula Devo max. Buckingham e Westminster respiram de alívio, mas o No Thanks e a participação eleitoral de 85% apenas iniciam o diálogo constitucional que reinventará o modo de governo nas ilhas. — Hmm. Few can do us good, almost any can do us harm! Ventos frescos sopram identicamente alhures. O European Central Bank apela a Paris que reforme o mercado laboral e a Berlin que aposte na economia real para assim revitalizarem a Eurozone. Washington inicia air strikes contra o Isis na Syria, comandando uma coligação com cinco países árabes. A Obama Administration avança já novas regras para dificultar o turismo fiscal dos capitais quando a chinesa Alibaba irrompe na sua bolsa de valores e o US President discursa pela paz na ONU. Em Manchester, com toada fabril de revolutionary educator em fundo, o Labour Partyarticula uma nova visão de futuro.
Autumn is still coming, informa o tom acobreado das hydrangeas e das paeony com as montbretia carregadas de sementes. O ar quente abre a época das conferências partidárias que leva às eleições de 7 May 2015 para o 56th Parliament of the UK e à escolha dos 650 MPs na House of Commons. A contagem decrescente começa sob a agradável observação do so wonderful that the Scots decided to stay with us. A campanha escocesa acaba bem, sobretudo devido ao ardente verbo de Mr Gordon Brown como The Queen’s champion. A votação 45/55 suscitou real apreensão, mas o Balmoral expressa confiança que “the enduring love of Scotland" existente em todas as parcelas de Britain assista a que cooperem com "mutual respect" no bem comum. Demonstrado fica, porém, no olhar público, que nem a noção de mortalidade metamorfoseia qualquer profissional da política em estadista. O Prime Minister David Cameron descurou o Scottish affair e os partidos de Westminster tardaram na defesa da coroa.
A prometida devolução de poderes a Holyrood é agora um objeto institucional em busca de a fair settlement que equitativamente abarque England, Northern Ireland e Wales. Há mais no rescaldo. O No-vote demite o First Minister Alex Salmond no términus de um exemplar debate referendário, onde o drama da 307-year union combina com classic Pythonesque moments. Afinal, tal qual os Romans na Life of Brian dos Monty Python, what have the Britons ever done for us? Apart from the NHS, giving the Scots high offices... Um dos episódios hilariantes respeita à declaração de independência sugerida pelo Secretary of State for Scotland à oil-rich island of Shetland. Após Mr Alistair Carmichael, sucedem-se idênticas teses para Doncaster e mesmo South Yorkshire, para o efeito se requisitando os local historians a revisitarem os tratados medievais. A apimentar o enredo esteve tanto o Treaty of Durham de 1157, quanto Mr Ed Miliband como MP de Doncaster North.
O líder do Labour Party apresenta em Manchester as linhas gerais para a política com que se candidata à maioria parlamentar e à formação de governo nas 2015 general elections. A sua agenda para a década compreende múltiplas medidas de fiscal design para balancear as contas do reino, com realce para aposta no National Health Service sob fatura da mansion tax. Entendem os trabalhistas que as ricas propriedades contribuam para o Royal Treasury com igual aos lucros auferidos no Duchy of Cornwall: The Prince of Wales pagou ali £4.2 milhões em impostos no ano 2013/14. Nada de especialmente ousado, pois, quando as sondagens atribuem a HM Opposition vantagem de oito pontos face aos Conservatives. Aliás, aquém da Ed vision e das red policies, a estrela da party conference é outra: Mr Harry Smith, um 91-year war veteran cujas memórias da pobreza em que cresceu (antes da segurança social, no pós-guerra) literalmente levam a plateia às lágrimas.
Novidades há na frente cultural. Mrs Hilary Mantel publica a esperada coleção das suas short-stories sob subversivo título: “The Assassination of Margaret Thatcher” (John Macrae Book/Henry Holt & Company). A laureada autora ficciona um atentado contra Mrs T – a qual na realidade foi visada à bomba em Brighton (1984). Se os fãs aguardam a sequela de Wolf Hall e Bring up the bodies, os dias de Thomas Crowell que assistem à formação da moderna Britain estão em palco pela Royal Shakespeare Company no Aldwych Theatre (London). A série passa em breve do palco em West End à tela da BBC Em vésperas de nova chamada às armas pela Union Jack, que Britain deve defesa às gentes no Irak, recorde-se o Scot Robert ‘Robbie’ Burns: — Be Britain still to Britain true, / Amang ourselves united; / For never but by British hands. / Maun British wrangs be righted! / No! never but by British hands / Shall British wrangs be righted!
St James, 23rd September
Very sincerely yours,
V.