TERESA RITA LOPES
Ontem ao reler as palavras da Professora Teresa Rita Lopes no livro “Cartas de Amor de António José Saraiva a Teresa Rita Lopes”, confirmei a razão da minha sensibilidade atenta no CNC aquando da apresentação deste livro.
Na verdade, foi sobretudo a leveza generosa e objectiva e madura, com que Teresa Rita Lopes soube entender que, a sintonia amorosa entre ambos tinha terminado, o que, afinal, me tinha deixado tão atenta à liberdade de um Eu, tão belamente confundida com a liberdade em si, e que face a sentimentos inebriantes, fora através do respeito por ela e pelo entendimento da vida, que, surge um final de um amor entendido este, por Teresa Rita Lopes, através de uma lucidez e coragem que traria para o eterno, exactamente o que só de aparência teria feito pausa devida, até se transformar numa amizade em constante casamento.
Assim entendi. Assim se criam deuses na alma, com capacidade de ditar, o como do superar ou engravidar de um outro género de amor, precisamente em lugares onde, anteriormente, ele se não encontrava, mas vivo era.
Creio que existem deuses impreparados para o conhecimento do ciclo de vida dos amores e, fervilham, também em nós, mergulhados no medo de se sentirem rejeitados ou, por não possuírem distância mínima de segurança em relação às realidades, que, afinal, os intimida, os apavora e desgoverna. Para eles, o viver só com eles, assusta-os e refugiam-se em nós, com o forte poder de nos deixarem desorientados num abandono que, de tão singular, até se regista que o termo não é clarificante.
Enfim, não basta tratar-se de um livro de cartas de amor muito bonitas, este que acima refiro. É mais um assim que se vive a vida sem se fugir de si próprio: sem preterir a relação dessa vida na denúncia de um mundo abarcado e solto e mutante.
M. Teresa Bracinha Vieira
Setembro 2014