LONDON LETTERS
Who runs Britain, 2014-17
Hesito entre o cadeirão e os elevadores. Por onde começar, pois? Talvez pelo adeus de quem preside à European Commission durante a última desoladora década. O Senhor José Manuel Barroso vem a London dar uma lição sobre comando e controlo na sua etapa final ao leme de Brussels. Destinada a estremecer a coroa na gestão das fronteiras, o Ukip saúda-o, aplaude-o e agradece-lhe. — Et voilá! Noblesse toujours oblige, chérie. O elo entre esforço e recompensa que alicerça a abertura aos talentos no reino quebrou-se algures e HM Social Mobility and Child Poverty Commission exige reparação sob pena de mal maior na meritocratic Britain. Esta é uma das conclusões no State of the Nation 2014 Report agora apresentado nas Houses of Parliament. — Hmm! What is the good of a sundial in the shade? Monsieur JC Juncker apresenta em Strasbourg o programa e a equipa de comissários europeus. Mrs Nicola Sturgeon ascende ao trono no Scottish National Party em Glasgow após a derrota no referendo autonómico e arma a Holyrood card para novo jogo em Westminster. O British Museum acolhe em London a art exhibition “Germany: Memories of a Nation.”
A blue-hazed autumn sky cá pelas ilhas do North Atlantic quando a fiscalidade adere a modernaço código de cores: impostos sim, mas verdes. Na balança da competitividade, mesmo com baixos salários, é tudo receita para brilharete nas vésperas do 2015 Paris Climate Summit. Já a qualidade da meritocracia britânica entra no debate público por via de um crítico relatório que desvenda falhas severas no sistema educativo e debilidades abundantes em mercados laborais dominados pela pobreza dos low wages. Grave: Assim se compromete o objetivo oficial de erradicar a child poverty durante os 2010s. A comissão liderada por Mr Alan Milburn conclui: “2020 could mark a watershed between an era in which for decades there have been rising living standards shared by all and a future era where rising living standards bypass the poorest in society.”
Qual emissário imperial na sua farewell tour às portas da Hadrian Wall, ou como outgoing elephant in a china shop, o Senhor José Manuel Barroso afirma em London que os controlos no UK da emigração vinda da Europe são ilegais e prediz que Britain terá "a marginal influence" nos global affairs se acaso abandonar a European Union. As reações à afoiteza trovejaram a par da imediata ovação dos ukkipers. O Prime Minister David Cameron recorda who is the boss in the Kingdom. Ora, ao invés de revisitar a fiabilidade dos mecanismos de Schengen na circulação de criminosos indesejáveis, Sr Barroso adverte assertivamente o No. 10 que não desafie o sagrado princípio do free movement de pessoas e capitais nas euronegociações. Acaba a estimular as propostas domésticas de Brexit. A retórica aquece com a resposta de que as políticas de HM Government não são definidas por euroburocratas, antes pelo British people.
Nos 25 anos da queda do Berlin Wall, o British Museum apresenta impressiva exposição sobre as flutuantes fronteiras no passado imperial e na presente New Germany entre o rino de Dürer e telas de Goethe até ao VW Beetle. A BBC Radio 4 acompanha a iniciativa com uma série de programas sobre a história alemã desde o Holy Empire. Além Atlantic, o editor do Washington Post no memorável caso Watergate parte aos 93 anos. “Just get it right” é o motto com que Mr Benjamin CB lidera várias gerações de repórteres e marca o jornalismo de investigação, num tempo em que outros newspaper editors abdicam da lealdade às essências neste serviço público. — Farewell, Mr Ben Bradlee.
St James, 22th October
Very sincerely yours, V.