Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS

Dangerous games 1.JPG

Dangerous games, 2015-17

Dangerous games 2.JPG 

Três imagens soltas sobre a assembleia do trono. A primeira, e de largo espetro, respeita a uma câmara de veneráveis donning an ermine-trimmed red robe. A segunda, e de uso restrito, aponta uma augusta sala onde todos estão busy doing nothing. A terceira, de notação quási privada, refere-a como prémio real para heróis de all walks of life geneticamente ligado ao ideal da gentle/wo/manship. O local é a House of Lords, que o Labour Party promete abolir caso ganhe as general elections de May 2015. — Chérie, plus ça change, plus c'est la même chose. O tema é recorrente e disponível no cabaz das policies para qualquer politician em dificuldades. Como tal, surpreende a seis meses da eventual rotação governamental na Austerity Britain. — Hmm! Please, put the Leader of Her Majesty's Most Loyal Opposition talking with the Garter King of Arms on customs to be observed in the process of creating a new peer. London prepara o Armistice Day. O sea of poppies que envolve a Tower of London em memória da geração da First World War torna-se um lugar de culto. Nova baixa ocorre na Con-LibDem Coalition. Mr Norman Baker demite-se no Home Office e avança RH Lynne Featherstone como Minister for Crime Prevention. As sondagens apontam generalizada subida do SNPism nas highlands, a juntar à erosão do centro político pelo Ukip. Nos US, o voto confirmará amanhã o cansaço global das negative politics.

Dangerous games 3.JPG

Rain here, rain there, rain everywhere. Also shortening days neste Indian Summer para suavizar a deriva fraturante no eixo London/Berlin que alguns nutrem sem visível senso. Segundo o Der Spigel deste fim-de-semana, a hot one por sinal, a Bundes Kanzlerin advertiu o Prime Minister de estar a aproximar-se do “point of no return” no seio da European Union. A condicionalidade dos verbos amacia publicamente o que é entendido em Whitehall como a German political ultimatum, na senda do choque em torno do cheque adicional para Brussels. Mas o resíduo deste dangerous game é gravoso e empurra à Brexit dos efeitos imprevisíveis.

Tão insensato quanto o eurobluff do auf wiedersehen/au revoir/good bye é a recente proposta constitucional trabalhista. Se Mr David Cameron esgrime com o referendo em 2017 à permanência do UK na EU28 para atrair o voto ukkiper, agora temos Mr Edward Samuel Miliband a agitar The Lord’s Day ao eleitorado Lib Dem. Caso seja eleito para o Number 10, o Labour Party substituirá a atual House of Lords por um senado de regiões. Tudo a acumular aos desafios abertos pela devolução de poderes de Westminster para Holyrood, jurada pelos big parties no last minute da campanha que quase parte o United Kindom, numa negociação complexa que se estenderá ainda a England, North Ireland e Wales.

Seja como seja, a reforma dos Lords está agora na agenda da próxima legislatura. A entrada é duplamente perigosa. Porque banaliza tais mexidas, ao surgir dois anos após igual tentativa por RH Nick Clegg engrossar o volume de identical bills nos arquivos parlamentares desde o vigoroso ensaio encetado em 1968 pelo Lab Govt de RH Harold Wilson para subtrair o voto aos pares hereditários. Também porque pouco mais se sabe da nova bandeira rosa além da criação de um novo senado de representação territorial, cujos princípios de diversa legitimidade sempre subvertem a fórmula mista do Westminster model.

Dangerous games 4.JPG
Courtesy and copyright: © Parliamentary House of Lords.

Seguro é ser um divisor das águas no longo século de reformas na independent, impartial, politically balanced and un-elected Upper House. A insistência protestante, porém, para já não conseguiu mais senão produzir curiosa recolha nas análises sobre as public attitudes towards the Great Lords, as quais consistentemente revelam que o tópico da Second Chamber reform dista de ter saliência ou prioridade face às matérias sociais e económicas. Donde, que faz correr Mr Ed Miliband contra a assembleia que vê os representatives from the towns and counties partir no 14th century para tratar com autonomia dos seus affairs… na House of Commons?
Escorada é uma outra iniciativa que por cá agita as águas. Em vésperas do 66th anniversary, o Prince of Wales emite uma vídeo mensagem em defesa da liberdade religiosa. A comunicação invoca os valores da free society e centra atenções numa realidade feroz: “It is an indescribable tragedy that Christianity is now under such threat in the Middle East – an area where Christians have lived for 2,000 years, and across which Islam spread in 700AD, with people of different faiths living together peaceably for centuries.” O futuro monarca apela aos líderes maometanos a pregar e a proteger as minorias. — Well, a call of duty and a piece of good sense.


St James, 4th November

Very sincerely yours, V.