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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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POSTAL QUINTO

 

Meu amigo:

A dor de um livramento de mulher, a dor de um parto, não é mais do que a dor de um texto em mudança, mudança daquela que não sabemos quanto tempo dura e quanto dói, e o quanto é sempre meio-caminho. É-nos dada assim esta dor de livramento, como se soubéssemos possuir o precioso.

A sua carta que ontem recebi, é um abrir de uma certa fúria. Nela também a saudade de uma paz segura, ou afinal o tempo quando nos fala ao ouvido numa alegria de um  choro simplesmente inevitável.

E nada cabe num postal para lhe responder ao que li. E nada é de onde nasceu. É de uma outra luz de uma outra trave e, talvez por isso no dia seguinte ao que refere, ninguém morreu: readquiriu-se uma espécie de infância. Surgiram de novo as nuvens-algodão.

Recordo que nesta sua carta o mundo deixou de ser fenda.

Muito lhe agradeço

Sua amiga

Teresa Bracinha Vieira