POSTAL SEXTO
Meu amigo:
Dou-me conta, creia, o quanto uma correspondência pode ser um presente embrulhado desejoso de nunca ser aberto: uma coisa que caminha num tempo que ainda não aconteceu.
Deixe-me que lhe diga que também não sei se Pilatos encontrou resposta, tampouco sei se a pergunta que fez era já a sua resposta ( é por vezes mais cómodo duvidar do que procurar).
Na sua carta refere-se aos evangelhos que sempre relê, sendo impossível achar outros que de culpa e perdão abram portas à verdade. Ainda assim a chama genial é a que muito ousa, e a força da sua escrita é um dos vértices do desejo, do quanto, o amai-vos uns aos outros, é fulgor da tranquilidade do espírito da pergunta e da resposta.
Bem-haja!
Teresa Bracinha Vieira