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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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LONDON LETTERS

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Democracy and its critics, 2014-15

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Há algo de Under the vulcano no ar, inclusive com uma sombria pitada do elemento faustiano. O próprio tempo adquire diferenciados ritmos como no romance de Mr Malcolm Lowry (1947). — Chérie, la varieté plait! A by-election em Rochester and Strood dá nova vitória ao UK Independent Party e o segundo purple MP na House of Commons. Os resultados no Kent espelham a very British revolution on the way. Os Tories descem para a segunda posição e os Liberal Democrats caem para o quinto lugar. Sobem os Greens e o Labour, mas este tropeça num episódio menor que acaba na demissão da Shadow Attorney-General RH Emily Thornberry à boca das urnas. Se a campanha de Mr Mark Reckless no Kent baralha as estratégias partidárias, sobretudo condiciona os big parties em hot themes como a emigração e a Europe. — Hmm! All men are enemies. All animals are comrades. Os USA revivem os dias das lutas raciais dos 60’s e retomam idas marchas pelos direitos humanos. Em Strasbourg, 23 anos após a histórica visita de John Paul II ao beacon of civilization, Pope Francis centra as atenções na pessoa e adverte que a democracia requer defesa de “unseen empires.” O criticismo no European Parliament entusiasma os eurocéticos.

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Cold weather with showers around in a very good morning. A metamorfose na paisagem política doméstica avança mais um passo rumo a um sistema multipartidário em Westminster. Com os conservadores em estado de tensão no No. 10 adjustment bureau e muitos MP’s a temer o desemprego vitalício, a vitória dos ukkipers não se fez sem o habitual humor de Mr Nigel Farage e um coro mediático a desqualificar o voto popular na bela Medway. Daí a insurreição eleitoral se reconduzir a funny Python’s script. Algures entre a Brian’s mother (“Now, you listen here! He's not the Messiah. He's a very naughty boy!”) e o mercador em dia de apedrejamento (“Stones, sir?”) face a Angry mob (“Ooooh!”) e a um incontornável Public Official (“Blasphemy! He said it again!”).

Da substância da democracia descontente e seus by-products informa ainda a intervenção papal no European Parliament, a exigir que se re-leia devagar. O discurso escrito confirma a perceção auditiva do novel euroceticismo de Rome. Fixem-se as palavras do Pope Francis: “The true strength of our democracies – understood as expressions of the political will of the people – must not be allowed to collapse under the pressure of multinational interests which are not universal, which weaken them and turn them into uniform systems of economic power at the service of unseen empires.” O apelo romano ao humanistic spirit da escola de Athens é claro e cristalino é o rigoroso diagnóstico: Europe está “somewhat elderly and haggard,” como a “grandmother, no longer fertile and vibrant’ e até “old, aloof and harmful.”

A requerer reflexão cívica, e consequente ação política, está ainda a emigração e as suas dolorosas facetas. A radicalização dos jovens No-No (no school-no work) é matéria prioritária, envolta que anda num digital ring of Gyges. Depois das questões em torno da cidadania fiscal, o inquérito ao atentado contra o soldado Lee Rigby numa rua de London, em plena luz do dia, coloca as Internet companies debaixo de fogo por disponibilizarem santuários a facebooked terrorists. O escrutínio parlamentar do Intelligence and Security Committee (ISC) sobre a atuação dos serviços conduz também ao reforço orçamental na segurança, sem todavia obscurecer que melhor é expetável do MI5, SIS e GCHQ dentro das malhas da lei.
Além Atlantic, com Southern  Ferguson still in flames, o US President Barack Obama galardoa a unique Mrs Meryl Streep. Desconheço se o reconhecimento do talento contém quaisquer mordomias à custa do erário público ou se o merecido prémio suscita desfavores na Fox & co. Já do lado de cá do oceano muitos convergem na oportunidade de legalizar ilegítimas rendas vitalícias, numa daquelas cenas without honour dissecadas na Nicomachean Ethics por Aristotle. — Well, the best is always few and rare.


St James, 26th November

Very sincerely yours,

V.