SONETOS DE AMOR MORDIDO
4. A JERÓNIMO SAVONAROLA
De teus olhos, Senhor, me afugento,
eu que tanto deles me aproximei,
porque já cego sou daquele alento,
tão duro,de gritar a tua lei!
Bem sei, sei bem que a fúria do tormento,
que me anima e fere o fraco peito,
já não será mais o teu mandamento,
tão justo e bom, que me deixou desfeito...
Mas porque quiseste, Senhor, pedir-me
a raiva que não tinha nem me cabe?
Fiz, porque mandaste, sem ouvir-me,
castigar duro mundo que não sabe
que só contra mim foi o teu caminho:
nele, contigo só, fiquei sozinho...,
Camilo Martins de Oliveira