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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

PORVENTURA VERSOS

11.

versos 11.jpg

 

Porque mais do que nenhuma

Seta alguma

Vinda de ti

Me feriu

 

Caminhei sempre usando ilhas nos pés

E tu meu anjo indignado

Afeiçoado ao propósito de me venceres

 

Quedaste nado

Por mau zelo e por crueza

Julgaste uma após uma que era carícia

As ondas inquietas que sentias

 

E nem algumas, nem as mais secretas

Com vistas de lugares altos de tanto serem interiores

Sequer brancas se mostraram

 

Na espuma dos beijos

Que te não dei

 

Para que em mim

Dano inteiro

Se não fizesse

 

Teresa Bracinha Vieira

2015

 

12.

Versos 12.jpg

 

A verdura que não vi era tão viçosa

Que por entre pedras e pedras

Derivava-se em rosas

E assim se fendia

Até ao vale ameno

 

Ao vale dos outeiros protectores

De esperanças prontas

A usar e a vestir logo

Para o baile das cerejas nos cabelos

 

Depois

As raízes vinham do ar

Numa postura assumidamente ao contrário

Até que o chão as aceitasse seguras, cheirosas , virgíneas

E prontas a não se entregarem

Nem à terra, nem ao ar, nem ao fogo, nem ao mel da carícia

Posto no dentro da tua mão quase língua

 

Depois, querido meu, depois

As raízes tomavam porto de andar sobre o mar

Esse mar que segura naus

 

E que nunca demandou o nado

Das raízes

À caça, à caça ousada

Das verduras que se não vêem

De tão viçosas

 

De tão proa

 

Teresa Bracinha Vieira

2015